Correio da Bahia

Polícia ocupa bairros e busca suspeitos

- COM SUPERVISÃO DO CHEFE DE REPORTAGEM JORGE GAUTHIER

moradores da comunidade culpam os policiais pela morte de Geovanna. “Eles chegaram atirando e ela caiu paradinha no chão. O que eu quero é que não mintam, que parem de dizer que foi troca tiros. Não foi”, afirmou a avó.

O corpo da garota foi velado por cerca de 30 minutos na capela do cemitério. Colegas da Escola Municipal Jardim Santo Inácio e amigos do bairro estiveram no sepultamen­to, muitos deles tinham escrito nos braços a frase: “Luto, Geovanna”. Boa parte deles brincou com a menina um dia antes da sua morte.

Durante o sepultamen­to, o pai, José Luiz da Paixão, 36, e uma vizinha desmaiaram e precisaram ser carregados. Crianças também tiveram de ser amparadas pelos pais. “Todos os dias, Geovanna me ajudava a arrumar a igreja da comunidade. Lamentável. Um menina inteligent­e que fazia aulas de capoeira na comunidade e de violino”, contou uma vizinha, sem se identifica­r.

No dia do crime, o ex-militar Milton Bonfim, 33, saía de casa para trabalhar quando presenciou a ocorrência. Foi ele quem, com a ajuda dos policiais militares, levou Geovanna até a Unidade de Pronto Atendiment­o (UPA) de Pirajá.

“Eu não desejo essa dor pra nenhum inimigo. Foi um fato que poderia ser evitado, porque eu já entrei várias vezes em comunidade­s com armamento na mão e nunca ocorreu isso”, disse o ex-militar que é pai de duas crianças, uma delas da mesma idade de Geovanna.

Segundo a assessoria da PM, quando a menina foi baleada, policiais da 48ª CIPM/Mata Escura buscavam informaçõe­s sobre a fuga de autores de homicídios na região da Mata Escura. No entanto, quando a equipe chegou na localidade, foi recebida a tiros por bandidos. “Os policiais revidaram, no intuito de neutraliza­r os agressores”, disse a PM, em nota. O policiamen­to em Mata Escura e Jardim Santo Inácio, onde morava a menina Geovanna Nogueira da Paixão, 11 anos, foi reforçado ontem. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Companhia de Patrulhame­nto Tático Móvel (Patamo), do Batalhão de Choque, foi aos bairros em busca dos criminosos que trocaram tiros com a Polícia Militar, resultando na morte da vítima.

Segundo a polícia, os criminosos também são responsáve­is por atear fogo a um ônibus no Jardim Santo Inácio na manhã de anteontem, a cerca de 500 metros do local do crime.

“Todos os policiais ficaram sentidos. Somos pais também. A quadrilha está identifica­da e vamos trabalhar para tirá-la de circulação”, disse o comandante da 48ª Companhia Independen­te de Polícia Militar (CIPM/Sussuarana) , o major César Souza Ferreira, que atua na região.

Além da Choque, o Pelotão Especial Tático Ostensivo (Peto) da 48ª CIPM e das Rondas Especiais (Rondesp) Central estão na região intensific­ando o patrulhame­nto e fazendo abordagens a suspeitos.

Dois irmãos adolescent­es foram apreendido­s durante um desses patrulhame­ntos, com drogas em uma casa. No celular de um deles, a PM afirmou ter encontrado mensagens de um traficante informando que na parte de cima, a quadrilha estava na “atividade”, ou seja, indicando a fiscalizaç­ão. “Aqui embaixo também atividade”, respondeu o adolescent­e.

“Esta é a nossa realidade. Dois adolescent­es morando sozinhos e trabalhand­o para uma quadrilha. No outro caso, uma mãe, grávida, com um filho envolvido e usando drogas na frente da outra filha. É nesse cenário que descemos todos os dias e, em alguns momentos, o confronto acontece”, afirmou o major César.

A PM informou que está apurando o caso que resultou na morte de Geovanna. “O inquérito foi instaurado no mesmo dia do ocorrido e os familiares foram ouvidos. Foi realizada a perícia no local, e as armas foram recolhidas para o DPT”.

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Em abordagens da Choque, dois adolescent­es foram apreendido­s

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