Polícia ocupa bairros e busca suspeitos
moradores da comunidade culpam os policiais pela morte de Geovanna. “Eles chegaram atirando e ela caiu paradinha no chão. O que eu quero é que não mintam, que parem de dizer que foi troca tiros. Não foi”, afirmou a avó.
O corpo da garota foi velado por cerca de 30 minutos na capela do cemitério. Colegas da Escola Municipal Jardim Santo Inácio e amigos do bairro estiveram no sepultamento, muitos deles tinham escrito nos braços a frase: “Luto, Geovanna”. Boa parte deles brincou com a menina um dia antes da sua morte.
Durante o sepultamento, o pai, José Luiz da Paixão, 36, e uma vizinha desmaiaram e precisaram ser carregados. Crianças também tiveram de ser amparadas pelos pais. “Todos os dias, Geovanna me ajudava a arrumar a igreja da comunidade. Lamentável. Um menina inteligente que fazia aulas de capoeira na comunidade e de violino”, contou uma vizinha, sem se identificar.
No dia do crime, o ex-militar Milton Bonfim, 33, saía de casa para trabalhar quando presenciou a ocorrência. Foi ele quem, com a ajuda dos policiais militares, levou Geovanna até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Pirajá.
“Eu não desejo essa dor pra nenhum inimigo. Foi um fato que poderia ser evitado, porque eu já entrei várias vezes em comunidades com armamento na mão e nunca ocorreu isso”, disse o ex-militar que é pai de duas crianças, uma delas da mesma idade de Geovanna.
Segundo a assessoria da PM, quando a menina foi baleada, policiais da 48ª CIPM/Mata Escura buscavam informações sobre a fuga de autores de homicídios na região da Mata Escura. No entanto, quando a equipe chegou na localidade, foi recebida a tiros por bandidos. “Os policiais revidaram, no intuito de neutralizar os agressores”, disse a PM, em nota. O policiamento em Mata Escura e Jardim Santo Inácio, onde morava a menina Geovanna Nogueira da Paixão, 11 anos, foi reforçado ontem. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), do Batalhão de Choque, foi aos bairros em busca dos criminosos que trocaram tiros com a Polícia Militar, resultando na morte da vítima.
Segundo a polícia, os criminosos também são responsáveis por atear fogo a um ônibus no Jardim Santo Inácio na manhã de anteontem, a cerca de 500 metros do local do crime.
“Todos os policiais ficaram sentidos. Somos pais também. A quadrilha está identificada e vamos trabalhar para tirá-la de circulação”, disse o comandante da 48ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sussuarana) , o major César Souza Ferreira, que atua na região.
Além da Choque, o Pelotão Especial Tático Ostensivo (Peto) da 48ª CIPM e das Rondas Especiais (Rondesp) Central estão na região intensificando o patrulhamento e fazendo abordagens a suspeitos.
Dois irmãos adolescentes foram apreendidos durante um desses patrulhamentos, com drogas em uma casa. No celular de um deles, a PM afirmou ter encontrado mensagens de um traficante informando que na parte de cima, a quadrilha estava na “atividade”, ou seja, indicando a fiscalização. “Aqui embaixo também atividade”, respondeu o adolescente.
“Esta é a nossa realidade. Dois adolescentes morando sozinhos e trabalhando para uma quadrilha. No outro caso, uma mãe, grávida, com um filho envolvido e usando drogas na frente da outra filha. É nesse cenário que descemos todos os dias e, em alguns momentos, o confronto acontece”, afirmou o major César.
A PM informou que está apurando o caso que resultou na morte de Geovanna. “O inquérito foi instaurado no mesmo dia do ocorrido e os familiares foram ouvidos. Foi realizada a perícia no local, e as armas foram recolhidas para o DPT”.