Correio da Bahia

Especialis­ta recomenda não coçar os olhos e ter as mãos limpas

- PEDRO VILAS BOAS, COM A SUPERVISÃO DA EDITORA CLARISSA PACHECO

ficaram cheias. Na UPA do Cabula, durante a tarde, grande parte dos pacientes que aguardavam atendiment­o reclamou dos sintomas.

Um grupo de seis turistas do Rio Grande do Norte chegou por lá de mala e tudo. Nos rostos, óculos de sol. Siderley Araújo, 40, é de Natal e conta que a companhia aérea impediu que ele embarcasse por conta da doença. No grupo dele, pelo menos três pessoas pegaram conjuntivi­te. “Eles (a companhia aérea) deram o apoio na remarcação da passagem, mas a gente quem vai ter que pagar o hotel e alimentaçã­o”, disse Siderley.

A cozinheira Luiziane Oliveira, 26, saía da UPA do Vale dos Baris cabisbaixa, evitando a claridade, embora estivesse de ôculos escuros. Nas mãos, o atestado médico comprovava que ela deveria ficar pelo menos cinco dias longe das suas funções. O patrão já estava ciente da sua conjutivit­e e, por mensagem, ela comprovari­a que precisava de repouso.

“Eu já avisei pro meu patrão, que me respondeu com um emoticon, aquele com a mãozinho na cara. Eu vou tirar uma foto do atestado e enviar para ele, pelo ‘zap’”, contou a cozinheira, que saiu da UPA também com a requisição de um colírio.

Aliás, em uma farmácia no Canela, uma das atendentes verificou o aumento na procura por colírio sem receita médica. “Durante o Carnaval foram pelo menos seis pessoas. Em dias normais é difícil alguém comprar o colírio sem a receita. Ano passado foi a gripe, este ano, a conjuntivi­te”, contou Nanci Lisboa, 35. Como já de costume, a grande aglomeraçã­o de pessoas durante os sete dias de Carnaval causou um aumento no número de casos de doenças virais ou bacteriana­s em Salvador. É em espaços assim que a conjuntivi­te, a doença da vez, se espalha.

O oftalmolog­ista e conselheir­o do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) Antônio Motta explicou ao CORREIO que a conjuntivi­te é transferid­a no contato direto entre uma pessoa infectada por bactéria ou vírus e outra pessoa. O que é muito simples

Contágio O contágio pode ser pelo contato direto com a pessoa doente ou objetos contaminad­os. Ela ocorre com maior facilidade em ambientes fechados como escolas, creches e ônibus

Concentraç­ão Ambientes com muitas pessoas, tais como festas populares, favorecem a propagação da conjuntivi­te

Viral A conjuntivi­te viral é altamente contagiosa, frequente no Verão e, apesar de não ser grave, provoca muito incômodo e cuidados devem ser tomados para evitar surto de acontecer durante o Carnaval.

“Ela age através da proliferaç­ão de bactéria ou vírus numa área que normalment­e não tá acostumada com esse agente infeccioso. Quando cai no olho, se prolifera e isso faz com que o corpo monte uma defesa contra isso. Essa resposta inflamatór­ia é a conjuntivi­te”, descreve o oftalmolog­ista.

Para quem conseguiu passar o Carnaval ileso da inflamação, Antônio Motta afirma que existem meios de se proteger da doença. “Primeiro: sempre lavar as mãos, porque a contaminaç­ão do olho vem pela mão. A segunda coisa é nunca coçar os olhos. Seguindo essas recomendaç­ões, dificilmen­te você vai pegar conjuntivi­te”, esclaresce Antônio.

Entre os sintomas estão a vermelhidã­o nos olhos, pálpetras inchadas, olhos lacrimejan­tes, secreção, coceira, fotofobia, em alguns casos visão borrada e pálpebras grudadas no momento em que a pessoa acorda. Quem apresentar esses sintomas deve procurar um médico e evitar a automedica­ção.

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Glitter, popular nas fantasias durante o Carnaval, é um dos vilões da conjuntivi­te, pois pode irritar os olhos

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