Órgãos de jovem morto na Graça serão doados
Quem espera por um transplante de órgãos na Bahia precisa ter muita paciência. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), apenas 30% das famílias autorizam a doação de órgãos ou tecidos, o que dá, em média, dois anos de espera. Os 30% colocam os baianos entre os três estados com o maior índice de negativa familiar para a doação de órgãos no país.
O assunto veio à tona, ontem, quando a família do estudante Kaíque Moreira Abreu, 22 anos, confirmou a doação de órgãos do jovem, que teve a morte cerebral constatada anteontem. Ele morreu depois de ter sido agredido por Edson Rodrigues dos Santos, 27, ao voltar do Carnaval na Barra. Edson teve a prisão preventiva decretada (veja ao lado). A família de Kaíque não divulgou quais órgãos serão doados.
A espera é maior em muitos casos, porque nem sempre o doador é compatível. A coordenadora da Central de Transplantes da Bahia, Rita de Cássia Pedrosa, acredita que a recusa é uma questão cultural e está atrelada à falta de informação.
“Os baianos são conhecidos por serem acolhedores, mas, quando essa solidariedade tem que acontecer pra valer, a resposta que temos é ‘não’. Existe uma questão cultural e um desconhecimento do processo de doação. A legislação que rege a doação de órgãos no Brasil é uma das mais rigorosas do mundo, mas por questões religiosas, as pessoas deixam de doar”, afirma Rita.
A Bahia é credenciada para fazer transplantes de coração, pulmão, córnea, rim e fígado. Em 2017, foram realizados 939 procedimentos no estado, sendo que os doadores, em sua maioria, são vítimas de traumas e acidentes.
Até ontem, havia 838 pacientes na fila, esperando por um rim. Já o número de pacientes aguardando por córneas era de 776 pessoas. Outras seis aguardam por um fígado, e quatro, por um pul-