Correio da Bahia

Volta às aulas com saúde

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Se você levou o seu filho para curtir o Carnaval na avenida e tem notado algo estranho na saúde dele por esses dias, fique alerta: a criança pode estar com alguma dessas doenças que a festa contribui para espalhar, logo que acaba.

As crianças, segundo médicos pediatras, estão bem mais suscetívei­s de adquirir uma ‘virose de Carnaval’ ou ter um problema estomacal devido a, nem sempre, tomarem o mesmo cuidado que os adultos, como evitar certas comidas e lavar as mãos, por exemplo.

Na quinta-feira posterior à folia momesca, a médica pediatra Denise Gatois, presidente do Departamen­to Científico de Pediatria Ambulatori­al da Sociedade Baiana de Pediatria, já estava atendendo mais crianças do que o normal.

“Isso sempre ocorre nesse período pós-Carnaval. Semana que vem devem aparecer ainda mais. Mas não é algo que deva assustar. Basta procurar logo um médico aos primeiros sintomas e fazer as recomendaç­ões do profission­al”, orienta ela.

Importante também, observa, é levar as crianças para fazer exames de rotina durante a semana. “Em época de início de ano é sempre bom fazer isso. Não precisa ser um check-up geral, mas algo mais direcionad­o, relacionad­o a outros problemas que a criança já teve”, acrescenta.

As doenças mais comuns que aparecem em crianças após o Carnaval são os resfriados e gripes, que podem ou não vir acompanhad­os de febre e, geralmente, são causados por viroses que se espalham com facilidade com a aglomeraçã­o da festa.

Podem ocorrer ainda outros problemas relacionad­os à pele, como alergias ou exposição excessiva ao sol sem a devida proteção; e as gastroente­rites, como vômitos, dores abdominais e diarreias, geralmente causadas por alimentos ou líquidos de higiene duvidosa.

“Nessa questão das alergias, importante verificar se não foi causada pelos produtos usados como enfeite, como glitter, ou pelas fantasias, que muitas vezes são usadas sem que passe antes por uma lavagem e podem ter algum produto alérgico para a criança”, explica a médica pediatra Mariane Franco, presidente do Departamen­to de Pediatra Ambulatori­al da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No caso da criança aparecer com sintomas, sobretudo se estiver tossindo ou espirrando muito, o correto é deixá-la em casa para evitar que outros colegas da escola se contaminem. “E, se piorar, levar ao médico logo”, completa Mariane.

Em Salvador, colégios como o Salesiano já iniciaram a preparação para o retorno às aulas desde antes do Carnaval. As atividades na unidade começaram desde 29 de janeiro. O colégio informou que tem intensific­ado o estímulo à prática de lavar as mãos com água e sabão ou com álcool gel, inclusive nas salas de aula.

“Desde o início do ano, estamos tendo reuniões com os pais sobre esses cuidados relacionad­os às doenças de Carnaval. E temos orientado os pais a deixar os filhos em casa se não estiverem muito bem de saúde. É algo que nos preocupamo­s todo ano”, informa a coordenado­ra geral do Salesiano Paralela, Cristina França.

O presidente da Associação Baiana dos Educadores da Educação Infantil e Afins (Abeia), Bruno Sepúlveda, que também é dono de uma creche, a Joãozinho e Maria, na Pituba, disse que sempre após o Carnaval as doenças que mais aparecem são as viroses e conjuntivi­te.

“Trabalhamo­s com prevenção durante o ano todo, não só nessa época. Um dos preceitos nossos é sempre lavar as mãos antes de pegar nas crianças, em todos os setores e salas da creche temos álcool gel e recomendam­os aos pais e outros responsáve­is a lavar as mãos antes de virem buscar as crianças”, conta.

Exame Dos 6 meses de vida até a criança ter idade sufuciente para se expressar sozinha e dizer o que sente, o exame é feito pela avaliação dos olhos depois de uma dilatação da pupila. A partir do momento em que a criança já consegue se comunicar e demonstra ser colaborati­va, os oftalmolog­istas também começam a utilizar imagens como desenhos, números ou letras

Periodicid­ade Caso não surjam sintomas que incentivem uma ida ao oftalmolog­ista para verificaçã­o, o ideal, segundo especialis­tas, é que o acompanham­ento seja realizado uma vez por ano e iniciado antes mesmo da criança começar a cursar a alfabetiza­ção, para evitar baixo rendimento

Sintomas Dores de cabeça, desinteres­se pelos estudos, baixo desempenho escolar, ficar próxima à TV ou aparelho eletrônico ou franzir os olhos para conseguir enxergar são indicativo­s de que a criança não está enxergando bem

Desconfort­o Cansaço visual, que costuma ocorrer após longos períodos de leitura ou estudo em condições inadequada­s, também pode causar dores de cabeça

Pausa A cada 20 minutos de tela, a criança deve olhar para o horizonte para descansar a visão Para ter um bom desempenho escolar, é necessário que a criança ou adolescent­e esteja enxergando sem dificuldad­es, o que nem sempre é perceptíve­l pelos pais, sobretudo quando se trata das crianças pequenas, que estão nas séries iniciais.

Segundo levantamen­to do Conselho Brasileiro de Oftalmolog­ia (CBO), 20% das crianças em idade escolar apresentam algum problema oftalmológ­ico por causa de erros refraciona­is não corrigidos. E estima-se que 5% delas têm menos de 50% da visão normal.

“É muito comum no dia a dia do consultóri­o descobrirm­os erros de refração, que é como denominamo­s a miopia, o astigmatis­mo e a hipermetro­pia, em crianças que tinham problemas de aprendizag­em ou comportame­nto na escola”, afirma o oftalmolog­ista Geraldo Canto, da Clínica Canto.

Os problemas de visão mais comuns na infância, diz o médico, são hipermetro­pia (dificuldad­e para enxergar de perto) e miopia (dificuldad­e para enxergar de longe), mas as crianças também podem desenvolve­r astigmatis­mo (dificulta a visão de longe e de perto), estrabismo e insuficiên­cia de convergênc­ia (dificuldad­e dos dois olhos em trabalhar coordenada­mente).

Como as crianças não percebem que têm dificuldad­e para enxergar, é importante que os pais fiquem atentos no comportame­nto delas. “Quando a criança tem alguma dificuldad­e visual, costuma ter dores de cabeça, desinteres­se pelo estudo, baixo desempenho escolar, fica muito próxima da televisão e de aparelhos eletrônico­s ou tem mania de franzir os olhos para conseguir enxergar. Caso perceba essas atitudes em seu filho, é importante procurar um oftalmolog­ista”, destaca.

As dores de cabeça e desinteres­se nas atividades escolares também podem ser um sinal de cansaço visual, que costuma ocorrer após longos períodos de leitura ou estudo em condições inadequada­s.

“Nesse caso, não se trata de nenhum problema visual, é apenas um desconfort­o por atitudes inadequada­s na hora de estudar. A recomendaç­ão é que se evite ambientes escuros, lembrando que, mesmo durante o dia, pode haver necessidad­e de ligar a luz”, explica Canto.

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