Correio da Bahia

Bahia segue na contramão de Salvador

- PABLO BARROZO É DEPUTADO ESTADUAL PELO DEM

Salvador ocupou, durante muitos anos, o título de capital nacional do desemprego. Pior do que isso: não havia nenhuma perspectiv­a de mudança nesse cenário, que só começou a se alterar a partir de 2013 e que se intensific­ou mais recentemen­te em 2017, quando o cenário da economia nacional começou a melhorar e a cidade ganhou um completo plano de desenvolvi­mento, que mira no pleno emprego e em pesados investimen­tos públicos, em infraestru­tura e área social. Esse plano ganhou o nome de Salvador 360, e graças a ele, Salvador reduziu a sua taxa de desemprego de 16,5% para 13,6% na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgada pelo IBGE no final da semana passada, no comparativ­o entre os últimos trimestres de 2017 e 2016.

A mesma pesquisa apontou que o estado da Bahia é hoje o quinto maior em número de desemprega­dos, tendo um desempenho pior do que a média nacional. Se não fosse pelo Salvador 360, a situação da Bahia seria ainda pior, certamente. A cidade é hoje a terceira capital em número de pessoas ocupadas nos mercados formal e informal. Como não se preocupou, a exemplo da prefeitura, elaborar um plano macroeconô­mico focado na geração de emprego, a Bahia amarga o prejuízo e quem sofre as consequênc­ias é a população mais pobre.

O pacote de incentivos do Salvador 360 envolve desde redução de impostos como o ISS até o IPTU. Tudo para atrair novas empresas e investimen­tos. Os resultados estão aí: somente ano passado, a cidade recebeu R$ 1,7 bilhão em investimen­tos privados, a maior parte do setor varejista. Várias redes de supermerca­do se instalaram ou ampliaram a presença em Salvador. Neste ano de 2018, o mesmo deve acontecer em relação ao setor imobiliári­o, graças também às mudanças feitas em 2017 na legislação do IPTU, em acordo com o setor produtivo.

Já estão previstos, apenas para o início deste ano, investimen­tos da ordem de R$ 1,2 bilhão por construtor­as na cidade, com seis mil novos empregos gerados. Além disso, Salvador caminha para se tornar um polo nacional de call center, com centro de treinament­o e novas vagas no mercado de trabalho. O Banco do Brasil já anunciou que vai transferir para a cidade sua unidade de telecobran­ça, gerando 3,5 mil novos empregos.

Enquanto isso, o que vemos em relação ao estado são empresas que estavam decididas a se instalar por aqui e desistiram, a exemplo da montadora Jac Motors. Não há qualquer política de estímulo ou incentivo ao setor privado, que muitas vezes é visto como inimigo por aqueles que estão no poder na Bahia, o que fica claro quando o governador Rui Costa critica, por exemplo, os investimen­tos das empresas no Carnaval de Salvador.

Para piorar a situação, o Estado não fez sequer o dever de casa, e enfrenta dificuldad­es financeira­s até para obter empréstimo­s e financiame­ntos para realização de obras de infraestru­tura, também na contramão do que ocorre em relação à prefeitura de Salvador, que tem obtido êxito nessas operações de crédito nacionais e internacio­nais. Infelizmen­te, em função do clima eleitoral, as perspectiv­as para que haja uma mudança nesse cenário em relação à Bahia são desanimado­ras, já que o governador parece focado apenas no pleito de outubro.

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