Bahia segue na contramão de Salvador
Salvador ocupou, durante muitos anos, o título de capital nacional do desemprego. Pior do que isso: não havia nenhuma perspectiva de mudança nesse cenário, que só começou a se alterar a partir de 2013 e que se intensificou mais recentemente em 2017, quando o cenário da economia nacional começou a melhorar e a cidade ganhou um completo plano de desenvolvimento, que mira no pleno emprego e em pesados investimentos públicos, em infraestrutura e área social. Esse plano ganhou o nome de Salvador 360, e graças a ele, Salvador reduziu a sua taxa de desemprego de 16,5% para 13,6% na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgada pelo IBGE no final da semana passada, no comparativo entre os últimos trimestres de 2017 e 2016.
A mesma pesquisa apontou que o estado da Bahia é hoje o quinto maior em número de desempregados, tendo um desempenho pior do que a média nacional. Se não fosse pelo Salvador 360, a situação da Bahia seria ainda pior, certamente. A cidade é hoje a terceira capital em número de pessoas ocupadas nos mercados formal e informal. Como não se preocupou, a exemplo da prefeitura, elaborar um plano macroeconômico focado na geração de emprego, a Bahia amarga o prejuízo e quem sofre as consequências é a população mais pobre.
O pacote de incentivos do Salvador 360 envolve desde redução de impostos como o ISS até o IPTU. Tudo para atrair novas empresas e investimentos. Os resultados estão aí: somente ano passado, a cidade recebeu R$ 1,7 bilhão em investimentos privados, a maior parte do setor varejista. Várias redes de supermercado se instalaram ou ampliaram a presença em Salvador. Neste ano de 2018, o mesmo deve acontecer em relação ao setor imobiliário, graças também às mudanças feitas em 2017 na legislação do IPTU, em acordo com o setor produtivo.
Já estão previstos, apenas para o início deste ano, investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão por construtoras na cidade, com seis mil novos empregos gerados. Além disso, Salvador caminha para se tornar um polo nacional de call center, com centro de treinamento e novas vagas no mercado de trabalho. O Banco do Brasil já anunciou que vai transferir para a cidade sua unidade de telecobrança, gerando 3,5 mil novos empregos.
Enquanto isso, o que vemos em relação ao estado são empresas que estavam decididas a se instalar por aqui e desistiram, a exemplo da montadora Jac Motors. Não há qualquer política de estímulo ou incentivo ao setor privado, que muitas vezes é visto como inimigo por aqueles que estão no poder na Bahia, o que fica claro quando o governador Rui Costa critica, por exemplo, os investimentos das empresas no Carnaval de Salvador.
Para piorar a situação, o Estado não fez sequer o dever de casa, e enfrenta dificuldades financeiras até para obter empréstimos e financiamentos para realização de obras de infraestrutura, também na contramão do que ocorre em relação à prefeitura de Salvador, que tem obtido êxito nessas operações de crédito nacionais e internacionais. Infelizmente, em função do clima eleitoral, as perspectivas para que haja uma mudança nesse cenário em relação à Bahia são desanimadoras, já que o governador parece focado apenas no pleito de outubro.