Correio da Bahia

Eunápolis

- MÁRIO BITTENCOUR­T

Uma quadrilha com cerca de 40 bandidos explodiu uma empresa de transporte de valores na madrugada de anteontem, em Eunápolis, no Extremo Sul da Bahia, deixando um rastro de destruição na cidade de 115 mil habitantes. Na ação, os criminosos utilizaram bananas de dinamite e armas de uso restrito das Forças Armadas, como fuzis 762 e 556 e metralhado­ras ponto 50, usadas em ataques antiaéreos.

Ao invadir a empresa Prosegur, o bando matou o vigilante Elivar Ferreira Nadier Sobrinho, 46 anos, e feriu outros quatro funcionári­os da empresa que estavam na tesouraria e foram atingidos pelos escombros do teto que desabou devido à explosão. Eles estão hospitaliz­ados, mas não correm risco de morrer. Uma loja vizinha de roupas femininas teve a vidraça quebrada por tiros.

Na fuga, os bandidos ainda incendiara­m carros em frente ao quartel da Polícia Militar na cidade e atiraram contra duas companhias especializ­adas da PM, a Caema e a Rondesp. Também bloquearam os acessos a Eunápolis nas BRs 101 e 367. O esforço, no entanto, rendeu poucos dividendos e os criminosos saíram do município sem levar quase nada.

Segundo a Polícia Civil, os criminosos, devido à explosão que danificou os escritório­s da empresa, tiveram acesso apenas à tesouraria, onde havia pouco dinheiro. O cofre, que era o principal alvo, não foi sequer danificado. Até o início da noite de ontem, a empresa ainda não tinha prestado queixa do crime e nenhum bandido havia sido localizado.

Uma ação deste tipo nunca tinha ocorrido no município, que é o 19º mais violento do Brasil no Atlas da Violência 2017, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com taxa de homicídios de 53,7 por 100 mil habitantes. Para se ter uma ideia, a Organizaçã­o das Nações Unidas tolera índices de até 10 homicídios por 100 mil.

Um mototaxist­a que preferiu não se identifica­r e realiza entregas de remédios para a única farmácia 24 horas da cidade achou estranho quando passou por uma das barreiras que os bandidos fizeram para evitar a aproximaçã­o da polícia. A empresa Prosegur fica na Rua Doutor Gravatá, no centro da cidade, próxima à Avenida Porto Seguro, onde fica a farmácia. “Uma hora daquelas, pouco mais de meia-noite, a cidade é calma. Quando vi os bandidos, fiquei assustado, mas não dava para voltar atrás”, disse. “Eles me pararam e eu disse que estava entregando remédios, mandaram tirar o capacete e vazar”, continua.

A Prosegur não revelou a quantia levada da tesouraria da empresa. Em nota, a empresa declarou que “o ataque foi frustrado graças à instalação de sistemas de segurança e tecnologia de ponta, tornando o acesso ao dinheiro inviável e por isso os valores não foram levados pelos bandidos”.

Ontem pela manhã, a PM encontrou quatro veículos usados no crime abandonado­s na zona rural de Belmonte, cidade também do Extremo Sul.

A prefeitura de Eunápolis divulgou nota lamentando a morte do vigilante. O prefeito Flávio Baiôco (PSD) disse que vai solicitar do governador Rui Costa melhorias urgentes na segurança pública da cidade. Baiôco quer a criação e instalação de um Batalhão da PM na cidade.

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Bandidos incendiara­m carros na porta e deram tiros em imóveis da PM

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