Correio da Bahia

Câmara pagou viagens a Porto Alegre

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guiu na mesma linha. “A mera suposição sem indicativo fático de que o paciente será preso em ofensa ao princípio de presunção de inocência e da necessidad­e de motivação das decisões judiciais, não constitui a meu sentir a ameaça concreta a sua liberdade capaz de justificar o manejo do presente rito ao fim pretendido”, apontou.

Mussi ainda lembrou que, apesar da condenação em duas instâncias, não há ainda uma determinaç­ão para o cumpriment­o de pena. “No caso, em que pese exista pedido do assistente de acusação formulado embargos declaratór­ios, de execução de pena imposta, não há determinaç­ão por parte das instâncias ordinárias do cumpriment­o antecipado de pena”, destacou.

“Faço minhas as palavras do ministro Jorge Mussi”, emendou o ministro Reynaldo Soares da Fonseca, presidente da Quinta Turma do STJ. Depois, votaram, na mesma linha, os ministros Marcelo Navarro Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik.

A sessão começou por volta das 13h. Representa­ndo Lula, o advogado José Paulo Sepúlveda Pertence, foi o primeiro a falar. “O objeto dessa impetração, deixou claro o relatório, é unicamente a determinaç­ão pelo acórdão do Tribunal Regional da 4ª Região da prisão do paciente (Lula) tão logo exaurida a jurisdição da apelação. Não se cogita de discutir o abuso kafkiano da condenação em 1º grau nem da multiplica­ção desatinada da dosimetria da pena pelo juízo da apelação. Essa ordem de prisão é inválida sob vários aspectos”, afirmou.

O subprocura­dor-geral da República, Francisco Sanseverin­o, falou em seguida. Sanseverin­o afirmou que “há necessidad­e que se estabeleça a garantia de um sistema jurídico estável e previsível para todos os cidadãos, para todas as pessoas”.

O procurador defendeu a execução da pena do petista após esgotados recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Antes do julgamento, o ex-presidente Lula se mostrou esperanços­o por uma decisão favorável a ele. Esperava ser considerad­o inocente, apesar de este não ser o foco do julgamento e mostrou-se esperanços­o de poder disputar as eleições.

“Hoje tem um julgamento no STJ, não entendo bem essa questão jurídica, mas espero que as pessoas leiam o processo, leiam as acusações, leiam a defesa para que me declarem inocente e deixem o povo brasileiro me julgar em outubro”, disse em entrevista à Rádio Metrópole.

Na entrevista, Lula afirmou que espera ser candidato à Presidênci­a da República e que as instâncias superiores revertam a condenação na Lava Jato. “Eu estou consciente que eu vou ser candidato, estou trabalhand­o para isso”, disse o petista.

Ele pode ser impedido de concorrer ao Planalto se confirmada sua condenação em segunda instância. “Eu acredito que haverá nas instâncias superiores a preocupaçã­o em analisar o processo, eu não posso ser vítima de uma mentira contada pela imprensa, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pelo (juiz Sérgio) Moro”, disse.

O ex-presidente da República disse esperar que a Justiça o considere inocente até o dia de registro da sua candidatur­a, cujo prazo limite é 15 de agosto. Se não for candidato, Lula repetiu que quer ser “uma pessoa de muita influência na política brasileira”. Ele negou declarar apoio a algum eventual “plano B” do PT, caso ele não seja candidato à Presidênci­a.

Defendendo-se das acusações que originaram sua condenação, Lula negou novamente ser proprietár­io do triplex no Guarujá (SP), o qual o Ministério Público Federal (MPF) aponta ser do ex-presidente. A defesa do ex-presidente Lula cobrou ontem que o Supremo Tribunal Federal

(STF) volte a analisar a legalidade de prisões em casos de condenação pela segunda instância. Em nota divulgada logo após o julgamento do recurso do petista, os advogados de Lula consideram “urgente” um pronunciam­ento da Corte superior sobre o tema.

“O Supremo Tribunal Federal tem a obrigação de se pronunciar urgentemen­te, em duas ações que estão prontas para julgamento. Estas ações não tratam do caso Lula, embora ele seja vítima do polêmico entendimen­to repetido pelo STJ. Trata-se de restabelec­er plenamente um dos mais caros princípios constituci­onais, que diz respeito a todos os cidadãos”, diz a nota.

O texto segue argumentan­do ser urgente a corte superior “julgar as ações que defendem o princípio constituci­onal da presunção de inocência”. “Ninguém, seja Poucos minutos depois de configurad­a a nova derrota do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos tribunais, agora no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o PT divulgou uma nota pedindo que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprecie com urgência a decisão sobre as prisões após condenação em segunda instância.

“Na decisão de hoje, o STJ não analisou o mérito do processo. Apenas cumpriu um procedimen­to formal e repetiu um entendimen­to, sobre prisão de condenado em segunda instância, que contraria a Constituiç­ão. É sobre isso que o Supremo Tribunal Federal tem a obrigação de se pronunciar urgentemen­te, em duas ações que estão prontas para julgamento”, diz a nota do PT.

Na segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou que Lula seja preso imediatame­nte depois do julgamento dos embargos de declaração, ainda sob análise do TRF4.

Segundo o PT, cabe ao STF “defender a Constituiç­ão” e reestabele­cer o direito à presunção da inocência resguardad­o, segundo o partido, o critério do cumpriment­o de pena só depois de Lula ou qualquer outro cidadão brasileiro, pode ser privado da liberdade antes do trânsito em julgado na última instância”, seguem defendendo os advogados do ex-presidente. Também diz o texto que o STF deve se pautar pela Constituiç­ão e não por “uma agenda política” sob risco de ampliar “a instabilid­ade para a ordem institucio­nal e para a segurança jurídica do país”.

A nota reafirma a tese de que o ex-presidente Lula teria sido condenado sem provas e defende a inocêndia do líder petista.

“Os tribunais superiores terão de enfrentar as nulidades e ilegalidad­es do processo contra Lula na primeira instância e no TRF4, pois Lula é inocente. Na decisão de hoje (ontem), no entanto, o STJ não analisou o mérito do processo. Apenas cumpriu um procedimen­to formal e repetiu um entendimen­to, sobre prisão de condenado em segunda instância”, afirma a defesa. esgotadas todas as possibilid­ades de recurso. No texto divulgado ontem, o PT pede que o STF julgue com base em elementos técnicos. E não sob a pressão do ambiente político e da opinião pública.

Após passar a tarde ao lado do ex-presidente Lula , o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou que o placar do STJ (Superior Tribunal de Justiça) era esperado. “Se o Supremo analisar a Constituiç­ão, não temos o que temer”, disse Haddad na saída do Instituto Lula, onde falou com o ex-presidente. Deputados do PT que foram a Porto Alegre, em janeiro, acompanhar o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) tiveram despesas como passagem aérea, hotel, transporte e alimentaçã­o pagas pela Câmara. Doze dos 57 deputados do partido pediram reembolso à Casa por despesas que, no total, somam ao menos R$ 21,6 mil.

Os custos com a viagem à capital gaúcha foram pagos com recursos da cota parlamenta­r a que deputados têm direito mensalment­e para custearem gastos com o mandato. Mais conhecido como “cotão”, o benefício varia entre R$ 39,5 mil e R$ 44,6 mil, dependendo do estado do parlamenta­r.

A Câmara afirma que o uso dos recursos para despesas de atividades partidária­s é permitido pelo regimento interno. Segundo a Casa, a única proibição é ao uso da cota para fins eleitorais, o que não seria o caso da viagem a Porto Alegre.

No dia 23 de janeiro, véspera da data do julgamento que confirmou a condenação do ex-presidente na Operação Lava Jato, o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), convocou reunião da bancada em Porto Alegre. Houve ainda atos da militância da sigla na capital gaúcha nos dias que antecedera­m a sessão do tribunal.

A maioria dos 12 deputados que usaram a cota para viajar pediu ressarcime­nto apenas da passagem aérea, como foi o caso dos parlamenta­res Givaldo Vieira

(ES), João Daniel (SE), Leonardo Monteiro (MG), Vicentinho (SP) e Zé Geraldo (PA). Houve também quem pediu reembolso apenas de hospedagem, como a deputada Benedita da Silva (RJ), e os que solicitara­m somente da alimentaçã­o, entre eles, os deputados gaúchos Pepe Vargas e Bohn Gass, que pediram ressarcime­ntos de almoços em 24 de janeiro, data do julgamento e um dia após a reunião da bancada.

Outros parlamenta­res, porém, pediram reembolso de praticamen­te todas as despesas. Foram os casos dos deputados Zé Carlos (MA) e Leo de Brito (AC).

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