Na Bahia, 838 pessoas esperam por rim
Enquanto alguns agem de má-fé, 838 pacientes esperam por um transplante de rim na Bahia, segundo levantamento da Sesab. Eles querem uma chance de se livrar de uma rotina desgastante e dolorosa causada pelas quatro sessões de hemodiálise semanais para substituir a limpeza do sangue, que deveria ser feita pelo rim saudável. E a taxa de solidariedade das famílias ainda é baixa: apenas 38% autorizam a doação de órgãos ou tecidos na Bahia.
A quantidade de transplante de rins no estado está bem abaixo do esperada: a expectativa da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (Abto) era que 917 transplantes do órgão fossem feitos em 2017 na Bahia, mas só 137 foram feitos - 14,9% do total.
Quem esperou durante quatro anos pelo rim saudável foi José Vasconcelos, que teve os rins comprometidos por conta dos medicamentos para diabetes e hipertensão. Logo após começar o tratamento, ele fundou a Associação dos Renais Crônicos da Bahia. “Eu fazia sessões de hemodiálise, no mínimo, três vezes por semana na máquina. Eram sessões de quatro horas. Então eram
12h da minha vida que eu fazia o tratamento para substituir meus rins”, conta.
A espera só terminou depois de quatro anos, quando ele fez o transplante no Hospital São Rafael. É esse o tempo médio de espera.
Hoje presidente da Associação dos Renais Crônicos da Bahia, ele diz que, em 2017, 1.131 pessoas que precisavam de um rim morreram em decorrência da ausência do órgão na Bahia. E é se aproveitando do desespero das pessoas que surgem mensagens de comércio do órgão.
A coordenadora estadual de Transplantes, Rita Pedrosa, explica que existem pessoas que ficam cinco ou seis anos na fila esperando o rim, mas outras que apenas esperam 3 meses - e tudo isso sem haver um “furo” na fila, já que é necessário que o órgão seja compatível. Além disso, um paciente vivo só pode doar um rim com autorização judicial. Em caso de doador falecido, é preciso que a família autorize.