‘Vamos em direção ao jornalismo comunitário’
O gaúcho Eurico Meira da Costa, 44 anos, assumiu a direção de jornalismo da TV Bahia este ano, sucedendo a Roberto Appel. Eurico é formado em jornalismo e, no início da carreira, foi repórter em jornais e rádios gaúchas, além da RBS, então afiliada da Rede Globo, em Santa Catarina. Antes de vir para a Rede Bahia, estava atuando como diretor de jornalismo da NSC (exRBS) em Santa Catarina, onde ocupou o cargo por seis anos.
Você chegou a Salvador em janeiro. O que primeiro chamou sua atenção nos telejornais locais?
Percebi que as pessoas da TV aqui falam muito rápido e eu imaginava que os baianos falavam mais devagar. Acho que precisamos falar mais devagar, para as pessoas entenderem melhor. Mas a programação local é muito parecida com o que a gente vê fora, mas com a cara da Bahia, claro.
Algumas pessoas dizem que os apresentadores da TV Bahia estão mais informais desde que você assumiu a direção. Houve interferência do senhor nisso? Sim, é uma orientação minha e o objetivo disso é mostrar o conteúdo de uma maneira que se aproxime mais da maneira como as pessoas falam. É ser informal, da mesma forma que as pessoas conversam. Pela minha experîência, noto que, assim, as pessoas se identificam mais com o conteúdo apresentado.
E por que se decidiu implantar essa mudança?
O público sinalizou que queria essa mudança. O público de TV aberta ficou mais popular e esse ajuste foi necessário. Se não fizermos isso, não vamos ser entendidos e isso seria o fim. Se não somos entendidos pelo nosso público, rompemos um elo.
A TV Bahia é afiliada da Rede Globo e está submetida a uma determinada “padronização”. Como respeitar a regionalidade sem abandonar esse padrão?
O papel da TV Bahia é produzir conteúdo da Bahia para a Bahia, embora, às vezes, a gente produza também para o país. Mas produzimos conteúdo local com cara local. A Globo produz conteúdo nacional com cara nacional e conteúdo internacional com cara internacional. O jornal que vai ao ar aqui é diferente do que vai ao ar no Rio Grande do Sul, por exemplo. Todas as afiliadas respeitam a mesma linha editorial, mas não há uma pasteurização porque a identidade está expressa no conteúdo local.
Muitas
em
emissoras investem jornalismo policial
O espectador da TV Bahia pode esperar um jornalismo mais opinativo, com interferência maior dos apresentadores?
Depende do que você classifica como jornalismo opinativo. O apresentador é um profissional que acompanha os assuntos e como é um ser humano, tende a reagir. Se isso é jornalismo opinativo, é isso que a gente vai fazer. Mas não haverá jornalistas fazendo editoriais todos os dias porque um editorial é uma visão da empresa. Mas temos que sentir, agir e se emocionar porque as pessoas são assim.