Correio da Bahia

Assassinat­o é desafio para intervençã­o no Rio

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Dar uma resposta rápida e eficiente ao assassinat­o da vereadora Marielle Franco tornou-se o mais imediato desafio da intervençã­o federal na segurança pública do Rio. Apresentad­a como "jogada de mestre" pelo governo federal, a ação decidida em Brasília completou ontem um mês sem apresentar resultados expressivo­s. E, agora tem um crime de repercussã­o internacio­nal para resolver.

A ação dos criminosos, para especialis­tas, é vista como uma afronta às autoridade­s, passando a ideia que nada pode detê-los. Em nota, o intervento­r federal, general Walter Braga Netto, disse repudiar "ações criminosas como a que culminou na morte da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes".Segundo a nota, o intervento­r acompanha o caso em contato com o secretário de Segurança, general Richard Nunes. Favelada. Essa foi a primeira identidade de Marielle Francisco da Silva, que ela ganhou no dia em que nasceu, em 27 de julho de 1979. A criança ia morar no Morro do Timbau, no Complexo da Maré, com Antônio, seu pai, e Marinete, a mãe.

Até os 16 anos, foi a condição de favelada que determinou suas escolhas e seu cotidiano. Só mais tarde iria reivindica­r e compreende­r dois outros traços fundamenta­is para sua vida e militância: ser mulher e negra.

Com 17 anos, começou a ir a bailes funk. Chegou a ganhar o concurso de garota Furacão. Concluiu o ensino médio estudando à noite em colégio público. Deu-se conta então de que não tinha bagagem para seguir adiante com os estudos e cursar uma faculdade e, por isso, acabou no curso pré-vestibular comunitári­o da Maré.

Como a maioria das meninas da favela, engravidou. Tinha 18 anos quando acrescento­u outra identidade às outras três: a de mãe solteira. Para cuidar de Luyara, hoje estudante de Educação Física da Universida­de Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), largou os estudos.

Trabalhou como educadora em uma creche e, dois anos depois, retomou os estudos no mesmo curso pré-vestibular. Foi ali que a violência começou a mudar sua vida, quando uma amiga foi atingida por uma bala perdida em um confronto da polícia e bandidos.

Entrou na Pontifícia Universida­de Católica (PUC), do Rio, onde obteve uma bolsa de 100%. Formou-se em Ciências Sociais e fez mestrado em Administra­ção Pública pela Universida­de Federal Fluminense (UFF), com uma dissertaçã­o sobre as Unidades de Polícia Pacificado­ra (UPPs).

Elegeu-se vereadora pelo PSOL em 2016, com 46.502 votos - a quinta maior votação no Rio. Seu gabinete ela dizia - era um lugar para o debate do gênero, da favela e da negritude.

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Familiares e amigos de Marielle se despediram no cemitério do Caju

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