Correio da Bahia

Na BA, 52 faculdades têm curso de Direito

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A formação de cada vez mais bacharéis em Direito, associada à febre dos escritório­s em Salvador, tem sido motivo de preocupaçã­o. Se, por um lado, a populariza­ção das universida­des aliviou a concorrênc­ia, a qualidade das instituiçõ­es é colocada sob suspeita.

As críticas às autorizaçõ­es do Ministério da Educação (MEC) para algumas faculdades ensinarem as disciplina­s do Direito se tornaram constantes entre juristas. Nos bastidores, parte deles alega que não são aplicadas as exigências mínimas, importante­s para a formação adequada de estudantes. As concessões são dadas pela pasta e OAB, embora a decisão final seja mesmo do ministério.

Dentro do ministério, defendem profission­ais ouvidos pela reportagem, vence a pressão de grandes conglomera­dos educaciona­is. “Raramente, na verdade, a qualidade é levada em conta”, comentou um deles. O MEC não respondeu à reportagem os critérios utilizados na avaliação de faculdades. A repartição responsáve­l por analisar os pedidos de abertura de curso é a Câmara de Educação Superior, constituíd­a por 12 conselheir­os escolhidos e nomeados pelo presidente.

Das 52 instituiçõ­es existentes no estado, o Conselho Federal da OAB, em 2016, recomendou apenas 11; das 22 localizada­s em Salvador, apenas quatro, duas públicas e duas privadas, ganharam o selo da instituiçã­o. O custo médio da mensalidad­e na capital é de R$ 1.700. Para a presidente da Comissão de Ensino Jurídico, Cinzia Barreto, o problema é que em algumas universida­des não há diálogo com a “realidade social”. “Sair um pouco das paredes da sala é essencial. Se não, parece um colégio particular, a profissão é precarizad­a”, defende.

Na Ufba, que tem o melhor curso avaliado na Bahia, o coordenado­r defende que a mudança “é uma questão de conceber corretamen­te o que uma universida­de significa”. “Há uma ideia de que a faculdade está ali para reproduzir um conhecimen­to já existente. Não: é preciso rever essas barreiras. A ideia é que a pesquisa reveja e avance”, diz Francisco Bertino.

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