Psol vai processar desembargadora
CNDH, Darci Frigo, disse se preocupar com a estrutura dos programas de proteção.
Após a execução da vereadora, ativistas da favela do Acari deixaram o local, com medo. “A situação está ainda mais perigosa para os integrantes que já estão na mira deles há muito tempo. Com isso, juntando com a proporção que nossas denúncias contra o batalhão (41º, do Irajá) tomaram, o indicativo era de que alguns de nós nos retirássemos de imediato e assim fizemos”, disse, ao O Globo, um membro do coletivo Fala Akari.
Quatro dias antes de morrer, Marielle republicou uma denúncia do Fala Akari contra o batalhão, que havia matado duas pessoas na véspera.
Enquanto a Polícia Civil do Rio e a Polícia Federal dizem apurar a origem da munição usada para matar Marielle, a superintendência dos Correios na Paraíba disse ontem não ter conhecimento que a munição tenha sido furtada de sua sede. A empresa respondeu à declaração do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, de que a munição, comprada pela Polícia Federal, foi furtada na sede dos Correios do estado, além de ter sido desviada por um escrivão da PF no Rio.
Na primeira aparição pública após a execução de Marielle, o interventor na segurança do Rio, general Walter Souza Braga Netto, foi a uma ação social promovida pelas Forças Armadas na Vila Kennedy, mas evitou jornalistas e não falou sobre o crime. O prefeito Marcelo Crivelle disse que uma escola que está sendo construída na Maré se chamará Marielle Franco. O Psol (Partido Socialismo e Liberdade) vai entrar com uma representação oficial no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e com uma ação criminal por calúnia e difamação contra a desembargadora do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) Marilia Castro Neves, pelas declarações de que a vereadora Marielle Franco, assassinada na última quarta-feira, “estava engajada com bandidos”. As informações foram confirmadas pelo vereador do partido Tarcísio Motta, ao UOL. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio também está coletando dados sobre as declarações da desembargadora para se manifestar oficialmente sobre o caso.
Ontem, a coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, revelou a postagem da juíza, que comentava uma postagem do advogado Paulo Nader, no Facebook. “A questão é que a tal Marielle não era apenas uma ‘lutadora’, ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’, sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava”, escreveu a juíza.
O texto da desembargadora Marilia Castro Neves segue no mesmo nível: “Até nós sabemos disso. A verdade é que jamais saberemos ao certo o que determinou a morte da vereadora mas temos certeza de que seu comportamento, ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim. Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”.
À coluna de Bergamo, a desembargadora declarou que não tinha ouvido falar de Marielle Franco até a sua morte. “Eu postei as informações que li no texto de uma amiga. A minha questão não é pessoal. Eu só estava me opondo à politização da morte dela. Outro dia uma médica morreu na Linha Amarela e não houve essa comoção. E ela também lutava, trabalhava, salvava vidas”, finalizou.