Exame de mama deve ser impresso, diz SBM
certo. Só não contava com a recepção. “Cheguei e ela perguntou: ‘para que você veio’? Ela disse que eu deveria voltar quando tivesse a primeira relação ou algum problema. Pensei: ‘para que vou, se vou ser tratada desse jeito?’”, relata.
No ano passado, já depois de ter tido a primeira relação sexual, pediu que a mãe fizesse o intermédio – agora, com outra médica, que recomendou que ela voltasse somente após seis meses ininterruptos de relação sexual. Mas ela já está em busca de uma nova ginecologista. “No colégio, tive aula de orientação sexual na sétima e no terceiro ano e minha mãe é super aberta, mas é óbvio que prefiro uma opinião profissional”.
Mas nem todas as mulheres pensam assim. A artista plástica Flávia*, 43, só foi ao consultório uma vez depois de completar 40 anos, por insistência de uma amiga. “Apesar de eu ser uma pessoa esclarecida, não fui criada dessa forma. Fui criada por minha avó e ela nunca ia”, comenta.
Há três anos, porém, apareceu no consultório após três primas terem câncer de mama. “Eu fujo de médico. Foi constrangedor, mas foi de boa. Fiz a mamografia, mas não sabia que era anual. Só fiz dessa vez, mas, em casa, faço exame de toque”. De forma geral, só 17% das jovens do país têm, como fonte principal de informação, o ginecologista. Em Salvador, o número é ainda menor: só 10%. A mamografia é o exame mais importante para detectar o câncer de mama de forma precoce. No entanto, a prática de entregar os resultados em um CD no lugar da película de filme impressa pode dificultar o diagnóstico da doença. O problema é que, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), nem todos os médicos têm acesso a um monitor específico para abrir o arquivo.
“A mamografia é um exame radiológico que se faz da mama. A evolução da tecnologia é importante de forma geral. Se você tem um equipamento de alta resolução, que permite que manipule a imagem, é uma coisa boa”, afirma o mastologista Daniel Duran, presidente da regional Bahia da SBM.
Mas, segundo ele, a maioria dos médicos – principalmente no serviço público – não tem acesso a um computador. “A avaliação da imagem por parte do mastologista ou do ginecologista é muito importante, porque vai permitir que se faça um comparativo com os exames anteriores”, explica.
Outro problema é a incompatibilidade dos programas de visualização e a demora para a abertura do exame, mesmo nas máquinas que têm alto desempenho. A orientação da SBM é de que os resultados sejam impressos em tamanho real.
A partir dos 40 anos, todas as mulheres devem fazer a mamografia anualmente. “Se tem um histórico familiar de câncer de mama ou se enquadra numa classificação de risco aumentado, tem que iniciar o rastreamento antes. Muitas vezes, a gente inicia 10 anos antes da idade em que o parente em primeiro grau teve câncer de mama”, diz Duran.. Quando o câncer é detectado precocemente, as chances de cura chegam a 95%.