Bahia é destaque em extração de minério
As polícias Civil e Militar de Santaluz informaram que estão cientes da existência do garimpo ilegal, mas que ainda não foram acionadas para diligências. Cláudio Lima, chefe de fiscalização da ANM em Salvador, informou que a agência recebeu da Brio Gold comunicado da presença dos garimpeiros no local e programa realizar uma fiscalização, acompanhada da polícia.
“Vamos lá por esses dias. Estamos agendando ainda e não podemos revelar o dia que vamos porque temos de chegar de surpresa”, declarou Lima.
O local onde ocorre o garimpo ilegal fica dentro dos quase 2 mil hectares de terra onde a Brio Gold possui permissão da ANM para desenvolver pesquisas de exploração mineral.
E próximo dali está a mina Maria Preta, numa área de 450 hectares, onde a extração de ouro ocorre desde a década de 1990, tendo já passado por várias empresas. A Brio Gold opera na região desde 2014, após a Yamana Gold iniciar as atividades em 2012.
Segundo a ANM, a Brio Gold ainda não conseguiu extrair ouro em Maria Preta por conta de prejuízos durante o processo mineral. A empresa, informa a ANM, pediu suspensão da extração para aperfeiçoar a separação do ouro nas rochas e areia.
A área onde a Brio Gold realiza as pesquisas fica dentro da Fazenda Mandacaru, de propriedade da empresa paraibana Cosibra, que atua na região na fiação e tecelagem de sisal. Procurada, a Cosibra respondeu que só poderia comentar amanhã.
A Prefeitura de Santaluz informou que a área faz parte de uma área de proteção ambiental e “decidiu não se envolver” no problema. A Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE) e o Inema foram procurados, mas não se manifestaram sobre o assunto, assim como a Brio Gold. A empresa, segundo o site, deve produzir 7.075 kg de ouro em 2018. O levantamento mais recente sobre extração de ouro no Brasil, com dados de 2016 e realizado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), aponta que a Bahia está em quarto lugar na produção nacional, de 93.920,47 kg. A liderança é de Minas Gerais, com 32.269,36 kg, seguido de Pará (13.456,52 kg) e Goiás (10.460 kg).
Dos estados que mais produzem, Minas, Bahia e Amapá tiveram crescimento com relação a 2015, quando extraíram, respectivamente, 31,349 kg, 5.707 kg e 4.032 kg. Em 2015, a produção do Pará tinha sido de 19.744 kg e a de Goiás, 10.949.
Por aqui, segundo a ANM, a extração de ouro ocorre em dois garimpos legalizados em Jacobina e Pilão Arcado. Há quatro minas na Bahia, três delas da Yamana Gold, uma entre Teofilândia e Barrocas, outra em Jacobina e em Santaluz (sem produção).
Em Jaguarari está a mina da Mineração Caraíba, que em 2016 produziu 33,8 kg, enquanto que as minas da Yamana em Jacobina e Teofilândia/Barrocas produziram, respectivamente, 3.747 kg e 2.413 kg.
“A Bahia é um dos estados do Brasil que mais vem se destacando na mineração como um todo e apresenta boa produção de ouro, sobretudo quando se relaciona com quantidade retirada de ROM [sigla para expressão inglesa ‘run of mine’, que corresponde à produção bruta do minério]”, comentou o geólogo Paulo Ribeiro de Santana, do DNPM.
O ROM é um valor referente ao quantitativo bruto de areia, pedras e outros minerais retirados no momento da extração. Em 2015, o da Bahia, por exemplo, foi de 2.654.371 toneladas, o que deu um teor médio de ouro de 2,15. Em comparação, Minas Gerais, com 52.296.730 toneladas de ROM, ficou com teor médio de 0,6 em 2015. Pará, com 0,34, e Goiás com 0,49.
Quem produz mais ouro no mundo é a China, com 453,5 toneladas em 2016. Nesse ranking, que é o mais recente, o Brasil aparece como o 11º maior produtor.