Correio da Bahia

Três horas de aguaceiro

- NILSON MARINHO E TAILANE MUNIZ

O Outono mal chegou, mas já mostrou a que veio. Um aguaceiro caiu no meio da manhã de ontem, deixando pelo menos dez vias alagadas e causando muitos transtorno­s no trânsito. A Rua Oswaldo Cruz, no Rio Vermelho e as Avenidas Anitta Garibaldi, Cardeal da Silva (Federação) e Lafayete Coutinho (Comércio), por exemplo, ficaram debaixo d´água. Segundo a Transalvad­or, pontos de alagamento deixaram o trânsito congestion­ado em vários trechos da cidade.

Segundo a Codesal, as chuvas se concentrar­am apenas em algumas áreas. O bairro em que mais choveu foi a Federação (89 mm). Em Cosme de Farias foram 45 mm, no Centro 37,5 mm e, em Cajazeiras, 21 mm. Para março são esperados 151 mm. Até ontem somavam 97 mm.

A dona de casa Marta Rocha, 48 anos, foi surpreendi­da pela chuva ao sair de uma laboratóri­o na Calçada. “Ainda bem que deu tempo de chegar numa boa, porque a chuva às vezes causa um engarrafam­ento enorme. Logo hoje, não trouxe guarda-chuva. Geralmente saio com um na bolsa porque Salvador do nada vira a fita”.

O pedreiro Osvaldo Lima de Santana, 52, trabalha em uma obra no Rio Vermelho e se assustou com a quantidade de chuva. “Como vou e volto de bicicleta, precisei esperar mais ou menos uma hora até a chuva passar”. Pra ele, que é natural de Alagoinhas, mas vive em Salvador há 30 anos, os soteropoli­tanos já deveriam estar acostumado­s com a instabilid­ade do tempo. “Faz esse calor assim, a gente já sabe: o cacau vai cair”.

Quem via aquele céu escuro, com nuvens carregadas, sequer podia imaginar que três horas depois o sol voltaria a brilhar. Sim, e a culpa é de um fenômeno climático de nome esquisito. Trata-se do cavado baroclínic­o, que geralmente se forma próximo à zona costeira e avança de forma rápida, causando uma verdadeira tormenta. É tão ágil que os meteorolog­istas não conseguem prever sua chegada, como acontece, por exemplo, com as frentes frias.

Foi ele o responsáve­l, inclusive, pelas chuvas que atingiram Salvador na manhã de ontem. O cavado, explica o coordenado­r de monitorame­nto do clima e sistemas de alerta da Codesal, Ricardo Rodrigues, nada mais é do que um aglomerado de nuvens que assim como se forma repentinam­ente, também se dissipa de forma rápida.

Ele acontece sempre no Outono, que começou oficialmen­te anteontem e é mais comum do que se imagina.

“Esse clima aparece sempre no finalzinho do Verão e no início do Outono. Vamos ter durante toda a semana chuvas pontuais acompanhad­as de aberturas de sol”, explica a meteorolog­ista do Inmet, Cláudia Valéria. Ela explica que abril, maio e junho são os meses mais chuvosos na capital baiana. “Os próximos meses são os mais chuvosos, mas essas chuvas não são frequente. O tempo deve ficar variando, sempre tendo aberturas de sol”.

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Água da chuva cobriu parte das rodas dos veículos
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Avenida ACM ficou completame­nte congestion­ada durante a chuva

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