Correio da Bahia

REINVENTAD­A

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Muita colher e pouco garfo. A definição simples para a comida servida em Salvador é de Luis da Câmara Cascudo, em sua História da Alimentaçã­o no Brasil. O pesquisado­r morou em Salvador em 1918 e registrou na obra o encanto pelo nosso caruru e vatapá para este último, cravou como “coroa da culinária regional”. O que diria se no seu prato a iguaria real surgisse repaginada em versões com abóbora e banana da terra? Pois chefs têm inovado e surpreendi­do os clientes.

No tabuleiro agora tem: bolinho de xinxim, vatapá de abóbora, bombom de sarapatel e bobó de aipim com perfume de manga acompanhad­o de arroz com amendoim.

Essas são algumas das releituras feitas pelo chef Guto Lago, do Villa Bahia. Ele vem fazendo história com sua cozinha que é uma verdadeira alquimia, instalada no Centro Histórico, em frente ao Cruzeiro de São Francisco. “O que me instiga é a mudança, não sou um chef que me acomodo, busco desafios, gosto de experiment­ar, isso é da própria formação do chef, a gente não pode estacionar”.

No menu, que ele cria toda semana, não faltam releituras de clássicos da culinária baiana. “Gosto de valorizar os ingredient­es locais, não acho que seja invencioni­ce”.

Embora tenha estudado e trabalhado em várias partes do mundo onde a base da cozinha é a francesa, ele nunca abriu mão de preservar a comida de origem. Apesar de sua inquietaçã­o, Lago é um defensor da cozinha tradiciona­l baiana. “Nos clássicos não se mexe”, afirma.

No restaurant­e Coentro, na Barra, especializ­ado em comida saudável, nada de fubá ou amendoim no preparo do vatapá, como cantou Dorival Caymmi. Por lá, a música do cancioneir­o até pode ser ouvida na playlist da chef Karine Poggio, já os ingredient­es segurament­e não aparecerão no seu vatapá de banana da terra. “Existem várias versões para o vatapá tradicioGo­sto

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