Postulantes ao Planalto comentam palavras de Villas Bôas
O presidente da República, Michel Temer, usou uma cerimônia no Palácio do Planalto para defender a Constituição, a liberdade de expressão e a democracia, que, nas palavras dele, “é o melhor dos regimes”.
Em meio à repercussão da fala do comandante do Exército, general Villas Bôas, que levou uma parte da sociedade a interpretar que havia a possibilidade de um golpe militar diante da crise institucional que vivemos, o presidente reforçou que é um defensor da democracia. “A democracia é o melhor dos regimes. Não é uma democracia simplesmente construída por pessoas, é a democracia construída pela ordem jurídica, a democracia construída pela soberania popular, a democracia que está esculpida, escrita na Constituição Federal”, reforçou sem citar diretamente as palavras do comandante.
Pré-candidato ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou as declarações do comandante. “O ideal é que os comandantes, respeitando a hierarquia, tivessem um cuidado maior. Acho que da forma como foi feito, gerou especulação, o que no momento em que o Brasil vive, ou em nenhum momento, mas principalmente neste momento, não é a melhor forma”, disse Maia.
Outros pré-candidatos à Presidência também se manifestaram. Favoráveis à prisão de Lula, os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Alvaro Dias (Podemos) endossaram o discurso de Villas Bôas. “Homens e mulheres, de verde, servem à Pátria. Seu Comandante é um soldado a serviço da Democracia e da Liberdade”, postou Bolsonaro.
Alvaro Dias considerou a mensagem “oportuna” e disse que, se o STF for contra as “aspirações visíveis da sociedade brasileira contra a impunidade”, a República estará falida.
Contrários à prisão, Guilherme Boulos (Psol) e Manuela D'Ávila (PCdoB) repudiaram o posicionamento do comandante. Para Boulos, a declaração expressa uma crise institucional no país. “Seguimos esperando posição da presidente do Supremo, dos presidentes das Casas Legislativas e de (Michel) Temer. Até aqui um silêncio covarde”. Manuela seguiu a mesma linha de considerar antidemocrática uma interferência do Exército em assunto do Judiciário. Em menor proporção que na véspera, manifestantes contrários e a favor de uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saíram às ruas, ontem, em pelo menos 15 estados e no Distrito Federal.
Os atos contra Lula foram realizados, principalmente, em Brasília, na Esplanada dos Ministérios. Mas também teve manifestação em defesa do petista. Organizadores dos movimentos contabilizaram até 13 mil participantes, sendo 6 mil a favor e 7 mil contra. A Polícia Militar, no entanto, contou um total de 4 mil manifestantes ao longo do dia na Esplanada. O gramado central teve que ser dividido para evitar conflitos entre os grupos.
No interior da Bahia, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloquearam trechos de duas rodovias: da BR-101, no sul do estado, e da BR-407, no norte. Na capital, Salvador, pouco mais de 50 manifestantes pró-Lula se reuniram no Campo da Pólvora.
No Nordeste, foram registradas manifestações em apoio ao ex-presidente em sete capitais. No Recife, cerca de mil pessoas se reuniram no estacionamento da Câmara Municipal, de acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Em Fortaleza, 200 manifestantes saíram em passeata pelo centro. João Pessoa reuniu 300 participantes na Praça da Paz, no bairro dos Bancários, em protesto convocado pela Frente Brasil Popular em defesa de Lula. Em Campina Grande (PB), o ato reuniu cerca de 100 apoiadores do petista. Em Aracaju, segundo os organizadores, 700 pessoas se mobilizaram em apoio a Lula e saíram em passeata pelas ruas do Centro até a sede do Partido dos Trabalhadores. Em Maceió foram 400 manifestantes, segundo a organização, que compareceram à Praça Marechal Deodoro, no Centro.
Em Teresina, cerca de 300 participantes atenderam o chamado de entidades sindicais e movimentos pró-Lula. Outros atos foram registrados em Natal e Mossoró (RN). Em São Paulo, as manifestações pró-Lula se concentraram na Avenida Paulista e na Praça da República, no Centro. No Rio de Janeiro, manifestantes se reuniram em frente à Câmara Municipal.
Em Porto Alegre, o cenário para manifestar apoio a Lula foi na Esquina Democrática, no Centro. Cerca de 400 pessoas participaram, segundo a Brigada Militar.