Correio da Bahia

AGENDA DO HIP HOP EM SALVADOR

- CAROL AQUINO

“Domingo é de lei a gente se encontrar.” A frase do bailarino e professor de dança, Emerson Santana, 22 anos, fez ainda mais sentido ontem, dia da abertura da 2ª Edição da Liga Baiana de B. Boys e B.Girls.

B.boy e B.girl é o jeito de chamar um dançarino de um tipo específico de street dance, o break. O evento, no Cine Teatro Solar Boa Vista, no Engenho Velho de Brotas, reuniu a galera que queria curtir um som, trocar uma ideia e, é claro, dançar.

Um desfile de gente estilosa: chapéus, camisas que lembram as usadas por jogadores de basquete, lenços e basqueteir­as e peças que remetem ao vestuário dos afroameric­anos. Isso tudo porque a cultura hip hop vem das ruas dos Estados Unidos, num movimento que surgiu na década de 1970.

Foi vendo Michael Jackson dançar na TV que Emerson teve o primeiro contato com o street dance. A paixão aumentou quando ele encontrou um grupo de dança de rua na Boca do Rio, onde cresceu. No New Style Crew, ele deu os primeiros passos na dança e, apesar de estar no ramo há 14 anos, fez questão de participar de uma das oficinas ontem.

Assim como a bailarina e professora Michelle Arcanjo, 28, de Simões Filho (RMS). “A gente precisa se aprimorar sempre, ver outros artistas, De 8 a 27 de maio Oficina de dança popping (dias 8, 10, 15, 17 e 27/5); oficina de técnica acrobática com ênfase nas danças urbanas (dias 9, 10, 11, 12 e 27/5); oficina de dança locking (dias 24, 25, 26 e 27/5); e roda de popping (Praça da Sé, 26/5)

27 de maio Batalha de popping, com grafitagem (13h30), mesa redonda (14h, “Perspectiv­a na dança popping) e apresentaç­ões artísticas (das 15h às 21h) criar redes. É uma oportunida­de de se apropriar de um espaço e mostrar que existe demanda”, comentou.

O ponto alto da liga foram as batalhas. Com premiações em dinheiro, elas atraíram amadores e profission­ais. Quem levou R$ 150 foi o tatuador e bailarino Bruce Lee Cardoso, 28, que tira parte do seu sustento das competiçõe­s que participa. “Acabei de chegar de Brasília, onde fiquei em segundo lugar em uma competição.” Autodidata, ele aprendeu a dançar com vídeos e deu o seu toque pessoal acrescenta­ndo movimentos da capoeira, que aprendeu com o pai capoeirist­a.

A realização do evento é de Ananias Break, que também é fundador do grupo Independen­te Ruas, que há mais de dez anos busca ampliar os espaços ocupados pela cultura hip hop, especialme­nte pela dança de rua. “O foco deste ano é a profission­alização”, contou.

Quem chegava no evento não aprendia só sobre os movimentos da dança, mas também sobre a elaboração de projetos para concorrer em editais públicos. “Queremos potenciali­zar e instrument­alizar os grupos que existem na Bahia”, disse ele.

Um dos problemas enfrentado­s pelos praticante­s, a maioria afrodescen­dente, é a falta de espaços públicos para a prática, ou até mesmo de aulas regulares em escolas de dança, como hoje existem aulas de balé clássico, dança contemporâ­nea ou de dança afro.

A Liga Baiana continua até julho. Foi divulgado que, de 08 a 27 de maio, o Teatro Cine Solar Boa Vista seguirá ocupado pela galera do street dance, com oficinas de dança popping, técnica acrobática e locking. As atividades formativas serão gratuitas, e os eventos terão ingressos a preço popular. Interessad­os em participar devem acompanhar a fan page do projeto para efetuar as inscrições presenciai­s.

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Participan­tes exibem seus talentos nas diversas modalidade­s de dança durante a Liga Baiana de B.boys e B.girls

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