Duas mil mudas serão plantadas na cidade
irá melhorar. As vantagens do BRT, segundo Cunha, vão além da mobilidade. “O sistema permite que você elimine veículos da rua, agiliza a vida das pessoas e também ajuda na dinamização de outras atividades. Todos ganham. Também traz ganhos significativos para o meio ambiente”, afirma o presidente da NTU.
Já o professor da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e vice-chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geodésia, Juan Pedro Moreno Delgado, destaca que em em todos os locais onde o BRT foi bem implementado, o sistema é considerado um sucesso – e pode, de fato, contribuir para a mobilidade sustentável de uma cidade. “O BRT é um sucesso, mas seja BRT, VLT, metrô, não importa a tecnologia. Mais importante é termos políticas integradas”, explica Delgado, que também é doutor em Planejamento de Transportes.
Para ele, são quatro aspectos fundamentais: deixar de incentivar o uso de automóveis, inclusive construindo estacionamentos em estações de transporte público; investir em políticas de referência para todo o transporte público, para que os ônibus funcionem de forma eficiente em toda a cidade; deixar de visualizar que Salvador é uma cidade plana e, por fim, uma política de segurança, já que o número de assaltos nos ônibus é um dos principais fatores responsáveis pelo afastamento de parte da população do transporte público.
Conselheiro do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB), o arquiteto e urbanista Carl Von Hauenschild considera a criação da linha da Lapa ao Iguatemi uma escolha viável devido à demanda de passageiros que vão para a Avenida Tancredo Neves. Mas lamenta que o BRT não chega até lá – para na região do Shopping da Bahia. “Isso cria um equipamento superdimensionado e sem viabilidade econômico-financeira saudável”.
Ele defende ainda que, investimentos grandes em mobilidade sejam feitos de forma gradual. “Se você faz agora esse BRT com elevados, tamponamento de rios e uma infraestrutura altamente cara, vai engessar esse sistema. Não pode evoluir aos poucos para um sistema mais adequado para o futuro”, explica. Segundo a prefeitura, quando estiver pronto, o BRT vai ligar a Estação da Lapa à Rodoviária/Iguatemi em 16 minutos. Hoje, alguns passageiros levam 1 hora e 45 minutos para percorrer o mesmo trecho. Para a construção do BRT, 154 árvores serão retiradas da Avenida ACM, onde foram iniciadas as obras do sistema, no final de março. Para compensar, a prefeitura começou, na semana passada, o plantio de novas mudas de ipê e pata-de-vaca, espécies nativas da Mata Altântica, próximo ao acesso do bairro da Soledade, no canteiro da Via Expressa. Nessa primeira fase do projeto serão plantadas 300 mudas. A ação contou com a participação de 31 estudantes da Escola Municipal Luiz Anselmo.
No total, a prefeitura planeja plantar duas mil árvores para compensar a supressão das 154, seguindo o que determina o Plano Diretor de Arborização Urbana de Salvador, em vigor desde 2017. Outras 1.700 árvores serão plantadas no entorno dos corredores segregados por onde vai circular o BRT, a exemplo da Avenida ACM, e também no Parque da Cidade, e 169 árvores serão transplantadas, a maior parte delas para o Parque da Cidade.
“Intervenções são necessárias para a melhoria da mobilidade urbana. A redução de acidentes, redução de poluição ambiental, isso tudo justifica. As árvores podem ser remanejadas para outros locais e o replantio não provoca agressão ao meio ambiente”, diz o presidente da NTU, Otávio Cunha. Ele cita o replantio de árvores ocorrido em Brasília como modelo. “Hoje existem técnicas para fazer o replantio. Aqui em Brasília foram retiradas as árvores adultas da faixa central que existia entre duas avenidas e elas foram replantadas nas margens dessas mesmas avenidas”, informou.