Correio da Bahia

Replantio

- RAQUEL SARAIVA COM SUPERVISÃO DA EDITORA LUCY BARRETO

Já pensou uma árvore de mais de uma tonelada e 7 metros de altura sendo retirada da terra, içada no ar, transporta­da em um caminhão e replantada com sucesso? Isso aconteceu, na tarde de ontem, em Salvador, quando foi retirada a primeira árvore da Av. ACM para a construção do BRT. O procedimen­to, que durou 2 horas e meia, foi considerad­o bem- sucedido.

“Quando o transplant­io é feito da forma correta, a chance de sucesso é de 100%. E é esse resultado que a gente espera para o transplant­io das 169 árvores”, explica Felipe Cerqueira, engenheiro responsáve­l pelo procedimen­to. O primeiro espécime escolhido para ser transplant­ado foi um coqueiro com 7m de altura, das raízes até as extremidad­es das folhas, e peso de 1,5 tonelada.

Ainda pela manhã, uma equipe de técnicos calculou o tamanho das raízes e delimitou o torrão, a porção de terra retirada junto com a raiz, sem danificá-la. “Quanto maior o torrão retirado junto com a planta, maior a probabilid­ade de sucesso do transplant­e”, detalha Felipe Cerqueira. Ainda segundo ele, a retirada, suspensão, transporte e replantio são delicados e tudo é feito para garantir que a planta fique bem na sua casa nova.

Para que o torrão não se quebre, o caminhão que transporta a planta tem que se deslocar a uma velocidade de 20 ou, no máximo, 30 km/h até o local onde as plantas serão transplant­adas. No processo, algumas partes da planta são protegidas por uma manta.

“Nós protegemos as folhas para não desidratar no transporte e o torrão porque precisa ser conservado, assim como a estirpe [como é chamado o tronco do coqueiro]”, diz Fabrício Patrício, gerente de operações da Eco Irrigação e Jardim, empresa responsáve­l pelo transplant­io.

O coqueiro transplant­ado conta ainda com auxílio de escoras de madeira para que fique firme no solo até que as raízes se fixem no novo local. A planta será acompanhad­a por dois anos depois do plantio, período no qual serão realizadas podas, adubações e irrigações até a total adaptação.

Várias cidades do Brasil e do mundo já fizeram o procedimen­to de transplant­ar árvores, entre elas Brasília (DF) e Curitiba (PR), no território nacional, e Washington (EUA), Sussex, em New Jersey (EUA), e Mumbai (Índia).

Em Salvador, três palmeiras imperiais com mais de 10 metros de altura foram levadas da Av. Tancredo Neves, onde foi construída uma passarela, para a Vasco da Gama, onde estão até hoje. Outra ação idêntica foi realizada com oito palmeiras que saíram da Av. Paralela e foram replantada­s na nova Praça João Mangabeira, nos Barris.

No total, 169 árvores serão transplant­adas e outras 154 serão suprimidas. A prefeitura planeja plantar duas mil árvores para compensar a supressão, seguindo o que determina o Plano Diretor de Arborizaçã­o de Salvador.

“A supressão é dada na área que será diretament­e afetada pela implantaçã­o do equipament­o, assim analisamos tec- nicamente os indivíduos vegetais que obtém caracterís­ticas favoráveis ao transplant­io como forma de mitigar essa quantidade de supressão”, explica Samir Abdala, gerente de licenciame­nto ambiental da Secretaria de Desenvolvi­mento e Urbanismo.

Cerca de 45% das árvores retiradas para a passagem do BRT serão plantadas novamente no Parque da Cidade, como o coqueiro transplant­ado ontem. O restante será plantado no entorno dos corredores por onde vai circular o BRT, na Av. ACM.

A preparação começa com antecedênc­ia, pelo menos 30 dias antes do transplant­io, quando a árvore passa por uma poda que deve reduzir a copa de 30% a 50%. No Parque da Cidade, o berço onde o coqueiro foi transplant­ado já estava preparado e escavado. Após a escavação, o local foi adubado e irrigado. Agora é acompanhar as árvores em sua nova casa.

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Primeira árvore foi retirada, com sucesso, na tarde de ontem
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Transplant­io pioneiro em Salvador foi feito no Parque da Cidade

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