‘We can do it’ das baianas e conquistas
O “we can do it” das baianas é resultado de uma mudança de comportamento iniciada nos anos 1970. “Esse fenômeno vem acontecendo nos grandes centros urbanos e é multifatorial. As regras sociais foram mudando e as mulheres vão optando por outras escolhas na vida”, diz a pesquisadora Darlane Andrade, do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim/Ufba).
“Há influência da defesa da autonomia das mulheres e dos movimentos feministas. Tem também a questão do divórcio, que tem aumentado muito, e o casamento que antes era o sustento e agora não é mais o destino da mulher”, explica a pesquisadora, que estudou modos de vida de quem está e mora sozinho em Salvador.
A importância da independência financeira se destaca nesse processo. A maior possibilidade de conseguir emprego e o Bolsa-Família, cuja titularidade da conta é em nome da mulher, são fatores que possibilitam essa autonomia.
“Esse estilo de vida tem custo alto. A independência financeira também proporciona o ‘morar só’. É isso o que falamos quando tratamos de empoderamento, é ter perspectiva de escolha”, diz a pesquisadora.
É o famoso “Solteira sim, sozinha quando eu quiser!”. As novas tecnologias diminuem o sentimento de solidão, facilitando o contato a qualquer momento com os amigos e a família - mas também o sossego, quando desejado. “As mulheres diziam ‘fico sozinha quando quero, só desligo telefone’, é um isolamento voluntário”, destaca a pesquisadora.
Darlane acrescenta que o fenômeno não é verificado apenas entre as classes alta e média. Muitas mulheres da periferia optam por morar só. “Elas fazem essa escolha para ter mais oportunidade de estudo e trabalho”, destaca ela.
A insegurança, entretanto, ainda é fator de grande preocupação para as mulheres que moram sozinhas - e isso se reflete até nos relacionamentos. “As mulheres relatam que, quando paqueram, não falam prontamente que moram sozinhas, com medo da violência. Isso reflete a vulnerabilidade”, diz. Ou seja, morar só é também enfrentar a violência. 87,5% (2016) 88,8% (2017) Foi o bem que mais ampliou sua presença nos lares baianos. Segundo maior crescimento no país, atrás de Minas.
95,5% (2016) 95,1% (2017) É uma das variações mais tímidas, o percentual quase não mudou. 31,1% (2016) 32,7% (2017) Em 2017, elas estavam em 91,3 mil residências, um dos itens com aumento mais significativo.