Correio da Bahia

Mattos: o autor do único gol

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Autor do único gol do Brasil na Taça O’Higgins de 1957, Mattos é hoje o bem-sucedido advogado Samuel Pereira de Mattos. Lúcido, esbanjando saúde, memória privilegia­da e aparentand­o bem menos do que os 84 anos do registro de nascimento, ele é procurador jurídico aposentado da prefeitura de Salvador e ainda tem no currículo fora dos gramados uma passagem pelo Tribunal de Justiça da Bahia, como secretário da Corregedor­ia-Geral, no início dos anos 90.

Embora se considere baiano, as vogais fechadas e o leve sotaque carioca o denun-

ciam. “Deixei o Rio muito cedo e fui morar em São Paulo”, esclarece. Foi lá que o jovem Mattos, então com 17 anos, foi descoberto para o futebol. “O goleiro palmeirens­e Nascimento me viu jogando na várzea e me levou para o Parque Antarctica, onde fui bicampeão juvenil e campeão de aspirantes”.

Apontado pela Gazeta Esportiva como futuro astro do Palmeiras, após exibição primorosa no Torneio Início de 1952, o destino não permitiu que as previsões da mídia se confirmass­em. Em sua estreia, sofreu uma séria lesão no joelho, rompendo meniscos e ligamentos, e passou quase um ano afastado.

Recuperado e de volta ao Rio, treinando no Fluminense, Mattos foi indicado ao Vitória pelo então jogador Gago, zagueiro de área campeão baiano pelo clube em

1953. Desembarco­u em Salvador em 1957 para fazer história no futebol baiano. Em seu primeiro ano, ídolo e campeão estadual pelo Vitória. Isto sem falar na convocação para a seleção baiana, que represento­u o país no Chile, e na presença do seu nome, em companhia de Otoney (Bahia), numa lista preliminar para a Copa do Mundo de 1958, na Suécia.

Confirmand­o a fama de artilheiro, fez 16 dos 25 gols marcados pelo Vitória na primeira excursão do clube à Europa, em 1960, que durou quatro meses. “No retorno, assinei com o Bahia, onde conquistei, em 1961, os títulos de campeão do Torneio Início, do estadual e do Norte-Nordeste e de vice da III Taça Brasil”, enumera.

Estudante de Direito na Universida­de Católica do Salvador, passou a ter dificuldad­e em conciliar os estudos com o futebol. “Além da Taça Brasil, o Bahia viajava muito, com longas temporadas no Norte e Nordeste do país e amistosos no interior do estado, e eu estava perdendo inúmeras aulas. Houve um momento em que, já no terceiro ano, optei pelos estudos e abandonei o futebol aos 28 anos, sem sequer cumprir integralme­nte o contrato”, explica.

Casado há 54 anos com a também advogada Vera Peixoto de Mattos, tem duas filhas, além de quatro netos.

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Mattos, à direita, cabeceia para o chão enquanto é marcado por chileno

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