Correio da Bahia

Marinheiro: ‘Nadei por quatro horas’

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A lancha Júlia II, apreendida com explosivos na Ribeira, foi sequestrad­a de um marinheiro, segundo informaçõe­s da vítima, que preferiu não se identifica­r. Dois homens o abordaram na Praça Cayru, no Comércio, e contratara­m a embarcação para fazer uma viagem até Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, anteontem à tarde.

O sequestro, segundo a vítima, ocorreu na segunda vez que ele foi buscar os suspeitos na Ilha. Ao chegar ao destino, por volta das 19h, o marinheiro foi abordado por mais quatro homens armados e com fardas da Polícia Civil. Por volta das 21h, eles jogaram o marinheiro na água. Ele disse que nadou por mais de quatro horas até a praia de Canta Galo.

Por cada viagem, o marinheiro iria ganhar R$ 1,5 mil. Segundo ele, a embarcação pertence a seu patrão. Ao chegar nadando em Salvador, ele disse ter procurado a polícia local. Ele depôs à Polícia Civil e à PF.

Leia o relato ao CORREIO:“Eu fui contratado por dois caras de tarde na Praça Cayru. Eles pareciam clientes normais quando acertaram a viagem até a Ilha. Na segunda viagem, por volta das 19h, eles me renderam e me fizeram de refém. Na segunda vez, tinha mais quatro homens. Todos estavam armados, mas não vi muita coisa, fiquei apavorado.

Eles me pediram pra sair do comando e me guiaram no sentido Salvador. No mar, eu contei que eu era pai de família e que precisava criar meu filho, de dois meses, mas mesmo assim me jogaram no meio da água, sem colete. O que salvou é que eu trabalho há muito tempo nessa área e consegui nadar por quase quatro horas. Quando eu cheguei perto do Canta Galo procurei a polícia. Foi Jesus que me salvou, meu filho me motivou.

O mar estava ruim e as ondas estavam grandes. Também estava frio. Passou tanta coisa na minha cabeça, inclusive que não ia ver mais minha família. Estou com dor na minha espinha e não sinto minha perna direito. Mas estou vivo.

Eu sei que vai ter gente pra me criticar, mas eu sou um pai de família que precisa sustentar a casa. Pra ganhar dinheiro a gente passa por cada uma. Meu coração precisa da minha família”.

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