‘Homem da mala’ de Geddel entre os presos
Lavagem O grupo de Cabral, segundo os delatores, entregava aos doleiros ‘dinheiro sujo’, em reais, no Brasil, e este era “transformado” em dólares limpos no exterior A Operação Câmbio, Desligo, nova fase da Lava Jato deflagrada ontem, no Rio, com mira em esquema bilionário envolvendo doleiros, prendeu um operador que foi apontado pelo delator Lúcio Funaro, ex-assessor de Geddel Vieira Lima (MDB), como a pessoa responsável pelas entregas de dinheiro ao ex-ministro.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, as entregas estão sendo investigadas em um dos inquéritos no Supremo Tribunal Federal que tem como alvo o presidente Michel Temer.
Ainda segundo a Folha, em outubro do ano passado, o operador financeiro Lúcio Funaro disse à Procuradoria-Geral da República
(PGR) ter enviado R$ 1 milhão para Geddel, recebido do advogado José Yunes, ex-assessor do presidente Michel Temer.
Em seu acordo de delação, Funaro disse ainda que o dinheiro foi enviado por meio do doleiro Cláudio Barboza, o Tony, que vivia no Uruguai e prestava serviços a Yunes.
Tony, ainda de acordo com o depoimento de Funaro, teria trabalhado na lojística da operação, recebendo o dinheiro em São Paulo e entregando a um funcionário de apelido Júnior.
Júnior, preso ontem, teria entregue a quantia no comitê do MDB da Bahia, diretamente nas mãos de Geddel.
Funaro afirmou não conhecer a verdadeira identidade de Júnior. A Polícia Federal, até o fechamento desta edição, também não havia divulgado a identidade do operador preso.
Junto com o depoimento acertado em seu acordo de delação premiada, Lúcio Funaro entregou anotações que, segundo ele, comprovariam o pagamento de R$ 1,2 milhão em Salvador, no dia 3 de outubro de 2014, nas eleições daquele ano. Geddel Vieira Lima, no entanto, afirma que a história de Funaro não é verdadeira e que não conhece nenhuma pessoa chamada Júnior.
Funaro disse que quase a totalidade das movimentações financeiras com Geddel Vieira Lima foi identificada pela Polícia Federal, que rastreou movimentações diárias do ex-ministro, as notas de abastecimento de uma aeronave e do aluguel de um hangar em Salvador, além de hospedagens em hotéis.
As investigações acabaram culminando no estouro, no ano passado, de um banker, em Salvador, onde a PF encontrou R$ 51 milhões em espécie, atribuídos ao ex-ministro.