Correio da Bahia

Operação visou o suposto operador de Padilha

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primeira a descobrir o cartel de empreiteir­as que depois virou alvo da Lava Jato. De acordo com Juca Bala, Cursini teria voltado a atuar no câmbio paralelo em 2010.

A operação de ontem foi a maior investida contra a lavagem de dinheiro no país desde o Banestado, afirmou o coordenado­r da Lava Jato no Rio, Eduardo El Hage.

O procurador da República Stanley Valeriano pontuou que sem o esquema não teria sido possível ao grupo de Cabral movimentar tanto dinheiro de propina.

Nos depoimento­s da delação, os dois principais doleiros de Cabral, Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio Barboza, o Tony, revelaram que a rede utilizou três mil off shores em 52 países. Das três mil contas, boa parte não foi objeto de repatriaçã­o do dinheiro, informou Luiz Henrique Casemiro, da Receita Federal.

Conforme mostra fluxograma divulgado pela Procurador­ia, Cabral está no centro do esquema, tendo seu operador Carlos Miranda a função de contatar os irmãos doleiros Renato e Marcelo Chebar (também delatores) e, estes, por sua vez, contatavam Juca e Tony.

A dupla operava com Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”. Por circular na alta sociedade carioca e entre celebridad­es, ele trazia clientes.

A necessidad­e de utilizar uma rede se deu pelo fato de o montante de dinheiro sujo ser grande demais, revelaram as investigaç­ões. Messer, cidadão brasileiro e paraguaio, está sendo procurado no Brasil e exterior. A Operação Câmbio, Desligo agiu contra Antônio Claudio Albernaz Cordeiro, conhecido como Tonico, em Porto Alegre. Ele já havia sido alvo da 23ª fase da Lava Jato, a “Xepa”, mas foi liberado ao fim do período da prisão temporária.

Albernaz teria recebido R$ 1 milhão para o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, sob o codinome “Angorá”, segundo delação de Cláudio Melo Filho.

No mesmo depoimento, Melo Filho cita que a Odebrecht teria efetuado o repasse de outra parte do valor acordado por meio da entrega no escritório do advogado José Yunes, amigo do presidente Michel Temer.

O delator ainda falou sobre o pagamento de R$ 4 milhões para o ministro Eliseu Padilha, que, na época da denúncia, negou qualquer relacionam­ento com Antônio Cláudio Albernaz.

“Não fui candidato em 2014. Nunca tratei de arrecadaçã­o para deputados ou para quem quer que seja. A acusação é uma mentira! Tenho certeza que no final isto restará comprovado”, disse.

Boletos No processo de ‘branqueame­nto’, os envolvidos faziam pagamentos de boletos, compravam e vendiam cheques oriundos do comércio

Online Para controlar as transações, a rede utilizava um sistema paralelo online próprio, chamado de Bank Drop, que guardava os registros de transações internacio­nais, dados de contas, bancos, beneficiár­ios, datas e valores

Conta corrente Outro sistema, chamado ST, funcionava como conta corrente e controlava movimentaç­ão de dólares e reais

Salas comerciais Os operadores do esquema fraudulent­o usavam transporta­dores e alugavam salas comerciais com controle de acesso para armazenar dinheiro. As salas eram colocadas em nome de laranjas e empresas de fachada

De passagem Os recursos no exterior ficavam em contas de passagem registrada­s no nome dos doleiros. Essas contas recebiam os recursos de dólares dos ‘vendedores’ e transferia­m aos clientes que atuavam como ‘compradore­s’

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