Correio da Bahia

Por novos Torbens

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Como conseguir isso? Facilitar essa passagem da vela de base para a vela olímpica, promover mais bons campeonato­s de vela jovem e fazer um acompanham­ento maior para que eles cheguem na classe olímpica e consigam se dedicar.

Como você vê a Bahia no cenário nacional da vela?

A Bahia tem um dos melhores clubes de vela do Brasil, que é o Yacht Clube da Bahia, tem várias marinas boas para vela oceânica e tem um lugar maravilhos­o para velejar. Aqui você tem temperatur­a e vento pra fazer vela o ano inteiro. Tem tudo para se desenvolve­r ainda mais. A parceria do Yacht Clube com a Confederaç­ão Brasileira de Clubes deu mais impulso para a vela aqui, e a gente quer ver isso ser multiplica­do pelo país afora.

A vela não é um esporte barato. Há como populariza­r a modalidade no Brasil?

A vela não é dos esportes mais baratos, mas o espaço que poderia desfrutar e ocupar no Brasil é imensament­e maior do que ocupa. A gente precisa de iniciativa­s que deem acesso à vela. Você não precisa necessaria­mente ser o dono do barco para velejar. Geralmente, em barcos de oceano, tem um dono e dez caras no barco. O importante é ter o acesso para aprender a velejar e fazer parte de uma tripulação. Qualquer esporte a nível olímpico, a preparação é cara. Outros esportes talvez não tenham equipament­o, mas a preparação olímpica é parecida. A gente tem estruturas de clubes no Brasil que funcionam muito bem, várias praias no Brasil com acesso excelente ao mar, mas tem lugares que, às vezes, a gente precisa de um acesso público, a exemplo de uma rampa. A vela não é um esporte de elite. É um esporte de classe média. O problema é que a classe média no Brasil é minúscula em relação à população, mas esse é um problema de má distribuiç­ão de renda, não é um problema do esporte. Qual foi a mensagem que você passou para os jovens no bate-papo que teve com eles antes da regata?

Eles estão em um começo de trajetória de competição e resultado é sempre bom, mas não é o mais importante nesse momento. Tudo depende de como você usa os resultados e os ensinament­os. O importante é não ter complexo de vira-lata, não se sentir inferior aos outros. Às vezes, você não consegue o resultado porque ainda não tem a experiênci­a, porque não treinou o suficiente, não preparou o equipament­o suficiente. Você nunca pode aceitar que é inferior aos outros. Insistindo, as coisas acabam acontecend­o. Torben Grael

A vela não é um esporte de elite. É de classe média. O problema é que a classe média no Brasil é minúscula em relação à população Sua filha, a velejadora Martine Grael, foi medalha de ouro no Rio-2016. Como é conciliar os papéis de pai e velejador experiente?

É um orgulho muito grande ter a filha campeã olímpica sendo você campeão olímpico. O mais importante quando eles começaram, tanto ela como o meu filho [Marco Grael], que também participou do Rio-2016, é que eles curtissem. Ir em frente é uma coisa mais pessoal. Tem gente que gosta de competir e tem gente que não gosta muito. O nome tem o lado bom e o ruim. Aumenta um pouco a pressão neles, mas também facilita na parte técnica e nas experiênci­as.

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