Pedido dos produtores já tem mais de uma década
A demanda por mais energia no Oeste da Bahia, que faz parte da região do Matopiba, a maior fronteira agrícola do Brasil, composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, já vem de mais de uma década, quando os investimentos do agronegócio tiveram maior impulso, com os caros sistemas de irrigação e indústrias de beneficiamento.
Até antes do Oeste se tornar uma fronteira agrícola, a região foi atendida apenas por uma linha de transmissão da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) com 230 mil volts
(de tensão), que liga Bom Jesus da Lapa a Barreiras, no Oeste. Se desse um problema na linha, toda a região ficaria às escuras.
Em 2012, os produtores se animaram quando o governo federal realizou leilão, por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para construção de linhas de transmissão de energia para a região, mas em 2015 a empresa que tocava a obra, a espanhola Abengoa, faliu deixando um campo de incertezas.
O CORREIO tentou contato com a Abengoa para comentar o caso, mas a empresa não respondeu. As obras, previstas para serem entregues em fevereiro de 2016, eram para implantação de uma linha de transmissão em 500 mil volts, ligando Miracema (TO) a Sapeaçu (BA), passando por Barreiras.
Entidades de classe, como a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), dentre outras, pressionaram o governo federal e a Coelba (responsável apenas pela distribuição da energia), até que em 2017 foi encontrada uma alternativa ao problema.
O governo federal autorizou o Consórcio Paranaíba a expandir o barramento (tira grossa de cobre ou alumínio que conduz a eletricidade) de 500 mil volts da subestação Barreiras II.
Isto possibilitou a energização da linha de transmissão de Barreiras II – Rio das Éguas – Luziânia – Pirapora II, da linha de transmissão de 230 mil volts de Rio Grande II – Barreiras II/Barreiras e das subestações Barreiras II (500/230 mil volts) e Rio Grande II (230/138 mil volts).
“Está atendendo pra gente, mas não é do jeito que a ONS [o Operador Nacional do Sistema elétrico] queria. Essa linha está distribuindo energia que vem da Hidrelétrica de Belo Monte, que está funcionando normal”, declarou o gerente de relacionamento com clientes da Coelba, Paulo Medeiros.