EX-PM suspeito nega crime em carta
Apontado por uma testemunha como um dos assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes, o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo redigiu, anteontem, uma carta de dentro da cadeia negando participação no crime. No texto, ele também afirmou não ter envolvimento com a milícia que atua na Zona Oeste do Rio.
A carta foi divulgada ontem pela defesa do ex-PM. Segundo seus advogados, Araújo está sendo acusado por um policial com quem trabalhou em uma empresa de segurança.
“Não tenho qualquer envolvimento com esse crime bárbaro e me coloco à disposição de todas as autoridades que apurarem esse caso para, pessoalmente, prestar esclarecimentos”, diz a carta, que desqualifica o relato da testemunha.
Araújo divulga na carta o nome do policial que fez a denúncia contra ele (não divulgado pela reportagem, pois está sob proteção) e diz que o homem não tem “qualquer credibilidade”. No texto, ele ainda nega ter se encontrado com o vereador Marcello Siciliano para tratar da encomenda da execução de Marielle, o que foi apontado pela testemunha.
O ex-policial está preso desde outubro de 2017. A prisão é preventiva e os processos são referentes a um homicídio e a porte ilegal de arma. Segundo Renato Darlan, advogado de Araújo, ele é inocente nos dois casos. “É uma liderança comunitária. Está com muito medo de não ter voz para combater essas imputações direcionadas a ele, e se antecipou (com a carta)”, disse.
O advogado afirmou ainda que a testemunha - que seria miliciana, de acordo com Araújo - teria interesse na permanência do ex-PM na prisão. Os dois trabalharam juntos em segurança para empresas e Araújo teria se afastado quando soube que o colega estaria envolvido em práticas criminosas.
Orlando, 44 anos, ingressou na PM em maio de 1996, aos 22. Foi expulso um ano e cinco meses depois, por indisciplina.
A polícia o identifica como chefe de uma milícia que pratica extorsão contra moradores e comerciantes e monopoliza o comércio de gás e internet na Zona Oeste. É apontado ainda como o mandante da morte de Wagner de Souza, presidente da escola de samba União do Parque Curicica, em 2015. O carro da vítima foi alvo de mais de dez disparos.
2015 Três homens armados, em um carro, iniciam a perseguição ao veículo de Wagner Raphael de Souza, presidente da escola de Samba União do Parque Curicica
2018 O carro de Marielle Franco é perseguido por homens que disparam 13 tiros contra o veículo. A testemunha do caso diz que os homens eram os mesmos do crime de 2015
Tiros Nos dois casos, vítimas foram alvejadas na cabeça