Polícia faz a reconstituição do assassinato
Marcello Siciliano (PHS) Empresário da área de construção civil, novato na política, pouco conhecido até dos colegas da Câmara e eleito com forte votação na zona oeste do Rio, tradicional reduto das milícias. Esse é o vereador Marcello Siciliano, 45 anos.
Ele foi eleito com 13,5 mil votos. No site da Câmara, um vídeo apresenta Siciliano. Na gravação, ele conta que teria sido indicado ao Nobel da Paz em 2010 por ações sociais em Vargem Grande e Vargem Pequena, zona oeste, onde mora há mais de 20 anos.
No vídeo, se apresenta ainda como “pai de família, com cinco filhos e três netos” e diz que faz política para ajudar as pessoas porque não precisaria da política para viver.
Em 8 de abril, um líder comunitário e colaborador do gabinete do vereador foi assassinado na zona oeste, por envolvimento com milícias. A Polícia Civil e soldados das Forças Armadas fizeram ontem à noite a reconstituição dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O trânsito nas imediações da esquina das ruas João Paulo I e Joaquim Palhares, no Estácio, no centro do Rio, onde os dois foram mortos, foi interditado às 20h para a reprodução simulada dos crimes, marcada para começar após as 22h.
Grades de proteção foram colocadas na rua, num ponto que não permitia a visão do local do crime. Para impedir definitivamente que o trabalho de reconstituição fosse filmado ou fotografado, foram instaladas lonas pretas que tapavam totalmente a área. O uso de drones também foi proibido. Mesmo o trânsito de moradores da região ficou restrito enquanto durou a simulação. Mais cedo, as Forças Armadas advertiram que tiros reais seriam dados durante a reconstituição para que, através do som, as armas usadas no crime fossem identificadas. A polícia explicou que as medidas de segurança eram necessárias justamente porque, durante a reconstituição do crime seriam usadas armas e munições de verdade. Sacos de areia foram dispostos para conter os disparos. O objetivo era fazer com que quatro testemunhas que ouviram os tiros (entre elas pessoas que estavam no local na hora do crime e a assessora que viajava ao lado de Marielle, no banco de trás, e sobreviveu ao ataque) conseguissem reconhecer os tipos de disparo.
O som de uma rajada de tiros, por exemplo, pode confirmar o uso de uma submetralhadora, arma apontada pelas investigações como a que foi usada para matar Marielle e seu motorista.
O modelo da arma, a distância do assassino do carro da vereadora e o ângulo em que os tiros foram disparados são algumas das informações que os policiais da Divisão de Homicídios pretendiam obter com a reconstituição.