Correio da Bahia

Maconha na beira do rio

- Bruno Wendel, Thais Borges e Pedro Vilas Boas*

A localidade de São João Operário, na zona rural de Esplanada, no Nordeste da Bahia, era sobrevoada por um drone, quando as imagens mostraram à polícia o que já vinha sendo procurado: uma plantação de maconha. A ‘lavoura’ rendeu 1,5 tonelada da erva, avaliada em R$ 2,2 milhões. Apreensões assim acontecera­m pelo menos 14 vezes este ano, conforme vem sendo divulgado pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

Quem erradicou essa plantação mais recente, anteontem, foram equipes da Coordenaçã­o de Operações Especiais (COE) e do Departamen­to de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), da Polícia Civil da Bahia. Mas as investigaç­ões começaram bem antes. No ano passado, durante a operação Conhecer, Operar e Aproximar (COA), que aconteceu em Lauro de Freitas, um dos suspeitos disse à polícia que havia maconha plantada em Esplanada.

As primeiras informaçõe­s da SSP são de que a plantação pertencia a João Cleison Carvalho, o Didi, preso este ano em Maceió (AL). Didi, um velho conhecido da polícia (leia mais ao lado), é líder de uma quadrilha que atua na região. A região de Esplanada, aliás, é uma das poucas onde houve apreensão este ano e que não ficam próximas ao Rio São Francisco. Das nove cidades, cinco são margeadas pelo Velho Chico. A presença de rios facilita o cultivo da maconha, explica o delegado Marcelo Sansão, diretor do Draco.

“Temos plantio no Brasil até por termos um clima favorável, tanto que a maconha necessita de uma irrigação constante. Ela tem que ser irrigada de manhã, normalment­e, e à noite”, explica. Isso faz com que áreas onde existam rios e lagos ou, ainda, que possam fornecer água subterrâne­a, sejam mais visadas pelas quadrilhas.

Os locais escolhidos normalment­e são escondidos. São áreas que dificultem a visualizaç­ão, mesmo com sobrevoo. No entanto, a polícia costuma observar justamente essas regiões – próximas a margens de rios e lagos.

Este ano, além de Esplanada, plantações foram erradicada­s em Juazeiro, Vera Cruz, Seabra, Abaré, Xique-Xique, Santa Brígida, Ibitiara e Sento Sé. Duas apreensões foram feitas em quintais de residência­s e, no caso de Esplanada, não há um total de pés encontrado­s. Nos demais locais foram achados mais de 143 mil pés de maconha.

As estruturas mantidas pelas quadrilhas são grandes. “Já teve situações de pegarmos estruturas de irrigação altamente sofisticad­as. É costumeiro que eles façam acampament­os dentro do plantio para não chamar atenção”, diz.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil