Lojas têm produtos da Copa passada
da África do Sul, em 2010.
A festa da família Ribeiro acontece nos Barris, em Salvador, e na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo, na semana do São João.
Enquanto a reportagem do CORREIO conversava com Fabíola, um idoso entrou na loja vestido com uma camisa da Seleção Brasileira à procura de uma bandeira. “Na verdade, eu já tenho três bandeiras em casa, mas a família é grande e precisamos de mais uma. Vou aproveitar e levar também uma corneta”, contou o homem de 70 anos, que disse ser conhecido na região como Seu Costinha.
Na Bahia, os comerciantes estão apostando todas as fichas no próximo mês de junho para impulsionar as vendas. A esperança é de que a Copa do Mundo, somada ao São João, ajude a melhorar e economia. No que depender da professora Ana Cláudia Lopes, 45, essa adição tem tudo para dar certo.
“Trabalho em uma escola comunitária e vamos fazer uma festinha junina para 56 crianças. Aproveitamos o clima da Copa e vamos comprar os tecidos em verde e amarelo para fazer as roupas da quadrilha, juntando São João e Copa em uma festa só”, diz.
De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio, a Bahia deve ocupar a sétima posição no ranking de movimentação em dinheiro por conta da Copa do Mundo, ficando atrás de Santa Catarina (R$ 76 milhões), Paraná (R$ 106 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 121,3 milhões), Minas Gerais (R$ 125,6 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 127,9 milhões). São Paulo é o líder (R$ 523,5 milhões).
Os efeitos mais positivos da Copa devem ser sentidos mesmo no setor informal. Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Marilson Dantas, em períodos de crise, a população tende a consumir produtos mais baratos (leia ao lado).
Enquanto a Copa não chega, o CORREIO separou dicas para brincar o mundial com economia. Veja ao lado. Se, para alguns comerciantes a Copa do Mundo pode simbolizar um gol de placa para melhorar as contas, para outros ainda é preciso ter cautela. Paulo Sérgio Soares, 49 anos, é um esperançoso cauteloso. Ele é sócio proprietário da loja São Bento, no Centro de Salvador, especializada em tecidos, e contou que na última Copa do Mundo, em 2014, quase levou um 7x1 nas vendas.
“Do investimento que fizemos na Copa passada, sobraram quase 40% dos produtos. Isso é muito. Este ano, eu acredito que as coisas devem melhorar um pouco, mas ainda não será como nas Copas antes da crise, quando a gente vendia bastante”, afirma.
Ontem, o movimento na loja estava grande. Segundo os vendedores, os tecidos mais procurados são aqueles com estampas em verde e amarelo. O metro está sendo vendido entre R$ 4,90 e R$ Copa do Mundo não é Copa se não tiver torcida. E torcida que é torcida de verdade entra no clima do Mundial, se veste de verde e amarelo e se apega a tudo que seja da cor da Seleção. Nessas horas, até um chaveiro com o símbolo da bandeira brasileira vira instrumento de fé.
Por isso, o CORREIO bateu perna na Avenida Sete de Setembro e suas transversais para encontrar os produtos mais em conta para torcer. A vendedora Sheila Gomes, 41 anos, avisa: as cornetas são as mais procuradas. A um mês da Copa, o comércio formal brasileiro, no entanto, ainda não sente os efeitos da Copa da Rússia. Nem mesmo o setor de eletroeletrônicos, que historicamente é o mais beneficiado no período, tem demonstrado otimismo com as vendas. Especialistas entrevistados pela Agência Brasil apontam que, em função da crise, há indicações de que o setor informal venha a ser o mais beneficiado este ano.
De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos 7,90, dependendo do tipo de tecido. Os produtos chegaram na loja dele em abril, mas a procura começou para valer na última semana.
O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, está otimista em relação às vendas. Ele acredita que, com o Mundial, as lojas vão vender mais do que no ano passado.
“Nós estamos com muito cuidado em fazer previsões porque os consumidores estão muito cautelosos. Em junho também tem São João e Dia dos Namorados. Mas estamos projetando um aumento de 5% em relação à última Copa, de 2014”, explica Motta.
Atualmente, existem cerca de 12 mil lojas em Salvador. Juntas, elas empregam 125 mil trabalhadores. Na Bahia, são 45 mil estabelecimentos com 250 mil funcionários empregados, de acordo com dados do Sindilojas.
“Para os clientes, quanto mais barulhenta, melhor. As bandeirinhas para carro também têm saído bastante. Na verdade, o pessoal entra para comprar uma dessas coisas e acaba levando também um chapéu, um enfeite para cabelo, uma pulseira, enfim”, diz.
Veja ao lado o garimpo do CORREIO na Rua do Paraíso, com opções a partir de R$ 1,50 e chegando a R$ 18, no máximo. Agora, é entrar no clima, vestir a camisa e pedi a todos os santos pela vitória da Seleção. (Eletros), a expectativa é que a Copa resulte na venda de 12,5 milhões de aparelhos de TV em 2018. Apesar de o volume ser 10% superior ao de 2017, a tendência é de que, no primeiro semestre de 2018, ele fique abaixo do anotado no mesmo período em 2014, da última Copa.
Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Marilson Dantas, a crise econômica prejudicará ainda mais “o efeito mínimo” que a Copa terá para a economia do país.