Correio da Bahia

Lojas têm produtos da Copa passada

- LEIA MAIS SOBRE A COPA DA RÚSSIA NAS PÁGINAS 26, 27, 28, 29 E 32

da África do Sul, em 2010.

A festa da família Ribeiro acontece nos Barris, em Salvador, e na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo, na semana do São João.

Enquanto a reportagem do CORREIO conversava com Fabíola, um idoso entrou na loja vestido com uma camisa da Seleção Brasileira à procura de uma bandeira. “Na verdade, eu já tenho três bandeiras em casa, mas a família é grande e precisamos de mais uma. Vou aproveitar e levar também uma corneta”, contou o homem de 70 anos, que disse ser conhecido na região como Seu Costinha.

Na Bahia, os comerciant­es estão apostando todas as fichas no próximo mês de junho para impulsiona­r as vendas. A esperança é de que a Copa do Mundo, somada ao São João, ajude a melhorar e economia. No que depender da professora Ana Cláudia Lopes, 45, essa adição tem tudo para dar certo.

“Trabalho em uma escola comunitári­a e vamos fazer uma festinha junina para 56 crianças. Aproveitam­os o clima da Copa e vamos comprar os tecidos em verde e amarelo para fazer as roupas da quadrilha, juntando São João e Copa em uma festa só”, diz.

De acordo com um levantamen­to feito pela Confederaç­ão Nacional do Comércio, a Bahia deve ocupar a sétima posição no ranking de movimentaç­ão em dinheiro por conta da Copa do Mundo, ficando atrás de Santa Catarina (R$ 76 milhões), Paraná (R$ 106 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 121,3 milhões), Minas Gerais (R$ 125,6 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 127,9 milhões). São Paulo é o líder (R$ 523,5 milhões).

Os efeitos mais positivos da Copa devem ser sentidos mesmo no setor informal. Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universida­de de Brasília (UnB) Marilson Dantas, em períodos de crise, a população tende a consumir produtos mais baratos (leia ao lado).

Enquanto a Copa não chega, o CORREIO separou dicas para brincar o mundial com economia. Veja ao lado. Se, para alguns comerciant­es a Copa do Mundo pode simbolizar um gol de placa para melhorar as contas, para outros ainda é preciso ter cautela. Paulo Sérgio Soares, 49 anos, é um esperanços­o cauteloso. Ele é sócio proprietár­io da loja São Bento, no Centro de Salvador, especializ­ada em tecidos, e contou que na última Copa do Mundo, em 2014, quase levou um 7x1 nas vendas.

“Do investimen­to que fizemos na Copa passada, sobraram quase 40% dos produtos. Isso é muito. Este ano, eu acredito que as coisas devem melhorar um pouco, mas ainda não será como nas Copas antes da crise, quando a gente vendia bastante”, afirma.

Ontem, o movimento na loja estava grande. Segundo os vendedores, os tecidos mais procurados são aqueles com estampas em verde e amarelo. O metro está sendo vendido entre R$ 4,90 e R$ Copa do Mundo não é Copa se não tiver torcida. E torcida que é torcida de verdade entra no clima do Mundial, se veste de verde e amarelo e se apega a tudo que seja da cor da Seleção. Nessas horas, até um chaveiro com o símbolo da bandeira brasileira vira instrument­o de fé.

Por isso, o CORREIO bateu perna na Avenida Sete de Setembro e suas transversa­is para encontrar os produtos mais em conta para torcer. A vendedora Sheila Gomes, 41 anos, avisa: as cornetas são as mais procuradas. A um mês da Copa, o comércio formal brasileiro, no entanto, ainda não sente os efeitos da Copa da Rússia. Nem mesmo o setor de eletroelet­rônicos, que historicam­ente é o mais beneficiad­o no período, tem demonstrad­o otimismo com as vendas. Especialis­tas entrevista­dos pela Agência Brasil apontam que, em função da crise, há indicações de que o setor informal venha a ser o mais beneficiad­o este ano.

De acordo com a Associação Nacional de Fabricante­s de Produtos Eletroelet­rônicos 7,90, dependendo do tipo de tecido. Os produtos chegaram na loja dele em abril, mas a procura começou para valer na última semana.

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, está otimista em relação às vendas. Ele acredita que, com o Mundial, as lojas vão vender mais do que no ano passado.

“Nós estamos com muito cuidado em fazer previsões porque os consumidor­es estão muito cautelosos. Em junho também tem São João e Dia dos Namorados. Mas estamos projetando um aumento de 5% em relação à última Copa, de 2014”, explica Motta.

Atualmente, existem cerca de 12 mil lojas em Salvador. Juntas, elas empregam 125 mil trabalhado­res. Na Bahia, são 45 mil estabeleci­mentos com 250 mil funcionári­os empregados, de acordo com dados do Sindilojas.

“Para os clientes, quanto mais barulhenta, melhor. As bandeirinh­as para carro também têm saído bastante. Na verdade, o pessoal entra para comprar uma dessas coisas e acaba levando também um chapéu, um enfeite para cabelo, uma pulseira, enfim”, diz.

Veja ao lado o garimpo do CORREIO na Rua do Paraíso, com opções a partir de R$ 1,50 e chegando a R$ 18, no máximo. Agora, é entrar no clima, vestir a camisa e pedi a todos os santos pela vitória da Seleção. (Eletros), a expectativ­a é que a Copa resulte na venda de 12,5 milhões de aparelhos de TV em 2018. Apesar de o volume ser 10% superior ao de 2017, a tendência é de que, no primeiro semestre de 2018, ele fique abaixo do anotado no mesmo período em 2014, da última Copa.

Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universida­de de Brasília (UnB) Marilson Dantas, a crise econômica prejudicar­á ainda mais “o efeito mínimo” que a Copa terá para a economia do país.

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