Correio da Bahia

ENTREVISTA GUSTAVO CASSEB PESSOTI

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Por que a redução da Selic (taxa básica de juros) quase não chega ao consumidor?

A gente está vendo que há um descolamen­to. A Selic cai, mas essas reduções paulativas não chegam nos bancos. Aí voltamos para a chamada lei de mercado. O mercado é soberano para definir estas taxas. por isso, a queda não acontece.

O que são considerad­os, de fato, juros abusivos?

Um juro abusivo é aquele que é claramente muito acima do spred. Se por um exemplo o banco paga uma taxa de poupança de 4,5% ao ano e no empréstimo pessoal cobra 60% ao ano, ele ganha aí um spreed de 55,5%. Os juros começam a ficar abusivos quando a taxa de juros é cobrada diariament­e. Uma taxa de empréstimo em torno de 10% a 12% (ao ano) seria uma taxa civilizada, levando em consideraç­ão uma inflação de 3%.

Na sua opinião, o que precisa ser feito para que, efetivamen­te, os juros caiam?

No passado existia um teto máximo de juros. Na década de 80, a taxa de usura que limitava isso era de 12% ao ano. Está faltando justamente isso. Uma taxa que limite o poder dos bancos. E isso só será possível com uma iniciativa governamen­tal. Faltam medidas que protejam o consumidor. É um obrigação moral do governo estabelece­r esta margem.

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