Eles voltaram
Depois da greve que durou 24 horas, os rodoviários da capital retornaram ontem ao trabalho e aceitaram o reajuste de 2,7% - proposta que foi mediada pela prefeitura de Salvador. Eles chegaram a pedir 6% de reajuste.
Com a decisão, os motoristas voltaram gradativamente a circular depois da realização da assembleia. Os primeiros ônibus saíram das garagens por volta das 5h e, às 10h, o funcionamento havia sido retomado totalmente. Mas, até lá, passageiros enfrentaram muita espera e pontos cheios pela manhã.
À tarde, veio o anúncio da frota reduzida a partir de amanhã por causa da greve dos caminhoneiros em todo o país. Com a possibilidade de acabar o combustível, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) anunciou a redução, em caráter excepcional, da frota a partir de sábado, para garantir transporte à população.
A necessidade ou não desse plano de contingência deverá ser confirmada hoje, já que, na noite de ontem, o governo federal anunciou o acordo com os caminhoneiros e a consequente suspensão da greve por 15 dias.
Os 2,6 mil ônibus de Salvador têm combustível suficiente para rodar só até amanhã, como explicou o secretário municipal de Mobilidade, Fábio Mota. Por isso, o plano de contingência havia sido divulgado.
Nele, 50% rodariam nos horários de pico e 40% nos outros períodos. No domingo, a operação seria realizada durante o dia com apenas 30% da frota. Na segunda e terça-feira, a operação teria 80% da frota nos horários de pico e 40% nos demais. A Semob havia informado que, tão logo a greve dos caminhoneiros termine e o abastecimento de combustível volte à normalidade, todos os ônibus circularão normalmente.
Com a volta dos ônibus após a greve municipal, a salgadeira Cândida Lisboa, 34 anos, precisava estar em Mont Serrat às 7h. Ela tinha duas opções: linhas da empresa OTTrans e da Platafor- ma. Os veículos da empresa Plataforma não passaram no local quando Cândida chegou. Já os ônibus da OTTrans chegaram lotados. “Já tentei ligar várias vezes para o meu patrão, mas não consegui um retorno”, lamentou.
A professora Bárbara Santa Rosa, 59, precisava chegar no bairro do Rio Sena, onde dá aulas. Ela esperava pelos coletivos da Plataforma há 20 minutos no ponto. “Geralmente, em dias normais, os veículos demoram cinco, dez minutos, no máximo”, disse a professora.
A ambulante Vanessa Santos, 17, passou mais de uma hora no ponto de ônibus da Avenida San Martin. Ela vende salgados na Lapa, mas ontem chegou atrasada ao trabalho. “Eu saí de casa às
4h45 e cheguei aqui quase 7h. Ontem, eu já não vim trabalhar e hoje cheguei atrasada”, reclamou. Para chegar na Lapa, a jovem disse que precisou pegar um ônibus e metrô. “Ainda gastei mais dinheiro”, completou ela.
Para minimizar a demora nas primeiras horas da manhã após a assembleia dos rodoviários, a Semob autorizou vans, micro-ônibus e transportes alternativos a circularem até que todos os ônibus estivessem na rua. Essas foram as opções durante a paralisação.