Faltam alimentos nas feiras
Um deserto. Foi assim que a coordenadora de mercado da Ceasa de Simões Filho definiu o clima, ontem, por lá. Nem dez caminhões conseguiram chegar - pior do que na sexta-feira (25), quando cerca de 20 conseguiram entrar e abastecer os boxes.
Normalmente, entre 350 e 400 caminhões abastecem cada feira (que acontece às segundas, quartas e sextas). “Eu trabalho na Ceasa há 11 anos e nunca vi assim. Conversei com permissionários de mais de 30 anos de casa e eles nunca viram coisa parecida. Hoje, vários boxes nem abriram, porque não tinham nem para vender.”
O presidente da Associação dos Permissionários da Ceasa, Eguinaldo Nascimento, estima que o prejuízo seja de mais de R$ 10 milhões.
De acordo com a Federação de Agricultura e Pecuária do estado (Faeb), só a produção de banana e graviola no Baixo Sul do estado já teve prejuízos de R$ 6 milhões. “O que foi jogado fora de frutas, tomate, cebola... É irreversível. Os produtores, muitas vezes, tomam recursos do banco, financiam (para poder plantar) e, como consequência, vem o endividamento. Passa a greve e vêm os problemas”, diz o presidente da entidade, Humberto Miranda.
Antes, as mesas do restaurante de Daniela Anunciação, 34 anos, no Comércio, estavam cheias ao meio-dia. Há oito dias, no entanto, a movimentação caiu. Os clientes que aparecem lá só vão pela cerveja. Pro almoço, nada em grande quantidade e, em estoque, só alimentos práticos para o preparo. Tudo para não ficar ainda mais no prejuízo.
“Uma carne do sol, uma moqueca de ovo, tudo que seja muito rápido de fazer. Não adianta preparar mais nada porque perde. Sem clientes, não dá”, reclama a comerciante.
No restaurante ao lado, a mesma situação. Marcelo Santos, um dos proprietários do Restaurante do Márcio, diz que a greve dos caminhoneiros impactou de forma negativa nas suas vendas, algo em torno de 70%.
No restaurante eram servidos, diariamente, 80 pratos. Agora, não passam de 20 refeições. Márcio também tem encontrado dificuldades em achar alguns ingredientes, como o tomate. E quando acha, o preço é salgado (até R$ 12 o quilo).
O restaurante Tampinha, na Federação, também está sofrendo os impactos da greve dos caminhoneiros. Está sem gás desde o último sábado (26). “Estou improvisando com um gás de cozinha, porque o que a gente usa aqui é o P45”, contou o dono do estabelecimento, Adeladio Soares Jesus.