Correio da Bahia

MULHER COM A PALAVRA

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Com livros exigidos em vestibular­es e essa possível entrada na ABL, a senhora pode vir a ser considerad­a canônica...

A gente sabe quais são os espaços que definem o que é ou não é canône, o que é uma boa literatura e o que não é. São sempre as culturas hegemônica­s que têm esse poder de escolha. Quando me colocam no cânone, eu fico me perguntand­o que cânone é esse. Já recebi críticas por almejar a ABL, mas não perco de vista que se me considerar­em como cânone ou se eu chegar de fato à ABL, eu chego mantendo todas as minhas caracterís­ticas e especifici­dades. Ninguém que acompanha minha postura do início até hoje pode dizer que estou amaciando o terreno. Não estou mesmo! Estou tendo essa lucidez de buscar essa coerência. Se eu sou canônica, se eu estou me tornando, eu estou me tornando através do meu projeto de literatura. Meu texto é marcado pela oralidade, que é algo que quero conservar, mas em nenhum momento esqueço que estou lidando com a arte da palavra. Se acharem o lugar dentro do cânone, isso não muda minha feição. É mais fácil o cânone mudar a feição dele para me acoplar, do que eu mudar a minha para me ajustar ao cânone. Não tenho dúvida de que se eu chegar - se nós chegarmos, porque considero que a minha ida para ABL seja uma conquista das mulheres e homens negros - todos se sentirão contemplad­os.

Onde Sala Principal do Teatro Castro Alves

Quando Hoje, às 20h

Ingressos R$ 10 | R$ 5 (ingressos esgotados)

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