Outras festas são impactadas
municipal de Cultura, Rodrigo Wanderley, um comitê foi montado para acompanhar a greve. Ele afirmou que a festa não está ameaçada e que a medida foi uma precaução. Cerca de 80% dos mil leitos de hospedagem da cidade já estão reservados.
“Antes da festa maior acontecem outras menores, os forrós de bairro. No último sábado teria o primeiro deles, mas nós remarcamos porque não tinha combustível para o gerador. Agora, teremos que remarcar novamente o do próximo sábado”, disse.
O secretário contou que o palco principal leva 15 dias para ser montado e, por isso, a obra precisa começar na próxima semana. A empresa responsável pela estrutura disse que vai obedecer o prazo, se a greve terminar nos próximos dias. “Se demorar mais de uma semana, a coisa vai pegar”.
Em Amargosa, no Centro-Sul do estado, os equipamentos usados na montagem dos palcos já deveriam ter chegado, mas até agora nada. Segundo o prefeito Júlio Pinheiro (PT), o atraso na entrega do material está sendo provocado pelo bloqueio nas estradas. Ele tem esperança de que tudo esteja resolvido nos próximos dias.
“As estruturas de som, palco e iluminação ainda não chegaram devido à paralisação, mas, por enquanto, a festa de São João está mantida”, disse. A cidade também foi afetada pela falta de combustível e alimentos. Na última sexta-feira, o prefeito decretou situação de emergência.
A UPB ainda não tem o levantamento de quantos municípios cancelaram a festa, mas disse que a cada dia mais prefeitos procuram a instituição preocupados com o impacto da greve dos caminhoneiros na festa. Enquanto as estradas não são liberadas, a saída é se apegar a todos os santos e pedir pelas festas de São João, São Pedro e São José. Até nos municípios em que o São João não é tão forte, a agenda precisou ser adaptada. Em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, seria realizada uma festa no final de junho conhecida como Arraiá das Viúvas, mas o medo de fechar o mês no vermelho fez a prefeitura abrir mão da brincadeira.
Segundo o procurador do município, Jarbas Magalhães, a prefeitura está até sem papel ofício para imprimir os boletos que os contribuintes devem pagar. O carregamento que deveria renovar o estoque de papel ficou preso em um bloqueio na estrada, em Aracaju (SE).
“Estamos prevendo uma arrecadação tributária menor por conta da greve, por isso o arraiá foi cancelado. Além disso, foram criados comitês em todas as pastas para reduzir os gastos com contratos, e a gratificação dos servidores foi suspensa para que não tenhamos problemas com o pagamento da folha”, afirmou.
Ontem à noite, mais uma prefeitura anunciou o cancelamento de sua festa de
São João. Valença, no Baixo Sul da Bahia, publicou em sua rede social a suspensão das comemorações juninas “em virtude das grandes dificuldades econômicas”. O prefeito Ricardo Moura convocou uma reunião emergencial com todo o secretariado e foi decidido, por unanimidade, cancelar o São João 2018.
Um dos motivos citados no comunicado tem relação direta com a greve dos caminhoneiros – “queda de receita do ICMS proveniente da greve nacional dos transportes de cargas, em razão da qual as mercadorias não circulam acarretando na diminuição drástica da geração de impostos”. Maior exportador de frutas do país, o Vale do São Francisco, na Bahia, já contabiliza prejuízo de R$ 570 milhões ao final do oitavo dia de paralisação dos caminhoneiros, informou anteontem o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina.
Segundo o sindicato, a paralisação fez com que o setor deixasse de comercializar para os mercados interno e externo 40 mil toneladas de uvas, 60 mil toneladas de mangas e 200 mil toneladas de outras frutas, como acerola, banana, coco e mamão.
“Com todo esse tempo de paralisação, nossas câmaras frias já estão com a ocupação esgotada, não oferecendo mais espaço para o armazenamento das frutas colhidas recentemente. O resultado são pomares com frutas apodrecendo no campo”, disse o presidente do sindicato, Jailson Lira.
Esta semana, de acordo com Lira, 80% da safra a ser colhida poderá ficar comprometida por falta de mercado. “Além de termos cancelados todos os novos pedidos do mercado interno, outro agravante é a falta de combustível para os tratores e pulverizadores, o que pode ocasionar a perda das safras de exportação de setembro e outubro”, comentou.
O sindicato diz que “reconhece a legitimidade do movimento dos caminhoneiros, porque também sentem o alto custo do diesel na atividade agrícola” e solicitam dos poderes competentes a agilização das negociações.