Pendurados no cartão
Maria Clara, 32, psicóloga, conhece as consequências do uso exagerado do cartão de crédito: em maio de 2016, gastou mais do que podia, e acabou à beira da inadimplência. Comida, roupa, aplicativo de transporte: tudo na recheada fatura do final do mês. Para não cair na inadimplência, pegou um empréstimo de R$ 1,2 mil e parcelou o valor em 48 prestações. Ainda assim, o cartão é sacado do bolso por Maria frequentemente para pagar as despesas mais imediatas: quase sempre, roupas e contas de restaurante. A baiana faz parte do grupo de 20% dos brasileiros que, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL), utiliza o cartão de crédito como uma extensão da própria renda.
O caso de Maria, da dívida maquiada por um empréstimo à persistência no cartão de crédito é um exemplo comprovado na pesquisa. Dos 910 entrevistados nas 27 capitais do Brasil, pelo menos 300 (33%) já tiveram o cartão bloqueado por atrasar o pagamento da fatura. Deles, quase a metade já ficou com o nome sujo devido à inadimplência. E por que insistir tanto no cartão de crédito, a modalidade de crédito mais popular entre os brasileiros, apesar das altas taxas de juros e eventuais complicações? “Parece que as coisas vão se tornando essenciais,