Correio da Bahia

Tabela vai afetar preços dos produtos

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preços mínimos em um prazo de até 90 dias.

Segundo o ministro, a primeira tabela já existia, mas não fixava um preço mínimo, sendo apenas uma referência. O estabeleci­mento de preços mínimos para os fretes foi uma das reivindica­ções da greve dos caminhonei­ros.

No setor empresaria­l, há forte reação contra a tabela de frete mínimo. Anteonteom, por exemplo, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) avisou que iria recorrer à Justiça, por meio de um mandado de segurança, para impedir o tabelament­o do frete rodoviário.

“Independen­temente de qualquer coisa, por princípios, somos contra o tabelament­o de preços, que fere a lei de competitiv­idade do mercado. Estamos retornando a um país de 30 anos atrás”, afirmou o novo presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho.

O presidente da Associação de Agricultor­es e Irrigantes da Bahia (Aiba), Celestino Zanella, avalia que a alteração no tabelament­o do frete é muito recente e que é preciso tempo para avaliar como os produtores serão afetados.

“Achamos que o tabelament­o de frete é contra a livre iniciativa. Preferimos a livre concorrênc­ia. Mas temos que lembrar que caminhonei­ros, produtores, todos fazemos parte do mesmo sistema. Precisamos de paciência para que decisões corretas sejam tomadas”. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e a Federação da Agricultur­a e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) divulgaram ontem um manifesto conjunto afirmando que a tabela de frete vai provocar um efeito cascata nos preços dos produtos e serviços. O manifesto foi divulgado antes da divulgação da nova tabela.

O presidente em exercício da Fecomércio, Kelsor Fernandes, apontou a necessidad­e de apoio do estado e do município para lidar com a questão. Segundo ele, em alguns casos, a nova tabela provocou um aumento de até 200% no valor do frete.

“A tabela exagera no aumento. Se houvesse a possibilid­ade, que fosse feito um ajustament­o (dos valores), mas não da maneira como foi feito. Na tentativa de agradar uma categoria, o governo criou um tabelament­o desproporc­ional e que sufoca o comerciant­e”.

Durante a greve dos caminhonei­ros, o setor registrou prejuízo estimado em R$ 150 milhões, por dia. Fernandes afirmou que, tendo que arcar com despesas maiores por conta do frete, o empresário não terá como criar novos postos de trabalho e o consumidor final também será afetado, porque terá que pagar mais caro pelos serviços.

O diretor executivo da Fieb, Vladson Menezes, informou que a despesa que tinha com frete - retorno da Bahia para São Paulo -, por exemplo, passou de R$ 2.500 para R$ 5.399, um aumento de 116%. “O comerciant­e não tem muitas alternativ­as nesse caso. Ele vai acabar repassando os custos e tornar a mercadoria mais cara, prejudican­do a população. Isso quando ainda existe mercado, porque dependendo do reajuste, ele vai fechar as portas e demitir pessoal. O governo disse que vai rever a tabela, mas temos que ver se essa mudança será produtiva”, disse.

Sócio da Fazenda Lustro, em Formosa do Rio Preto, no Oeste baiano, Victor Lustro reclamou do aumento, estimado em 58%, que teria para transporta­r sua produção de soja e milho. “Pagava R$ 60 e agora vai ser R$ 95. Vou pagar R$ 150 mil a mais pra transporta­r 5 mil quilos”, contou, antes de saber da publicação da nova tabela. Ele disse ainda que não sentiu redução no valor do diesel. “Pra mim não chegou ainda. O aumento no frete percebemos imediatame­nte. Todo mundo está apavorado e pensando em comprar caminhão”.

O presidente da Associação de Permission­ários da Ceasa (Aspec), Eguinaldo Nascimento, não acredita que a tabela será seguida à risca pelos caminhonei­ros. Para ele, o desemprego e a necessidad­e de fazer bons negócios vão levar os trabalhado­res a negociar. Ele diz que percebeu aumento de 10% no valor do frete nos últimos dias, mas que, por enquanto, não precisou repassar a diferença para o consumidor final.

Os clientes de uma transporta­dora paulistana, que adotou a nova tabela desde sua implementa­ção, desaprovar­am os novos valores. “Eles têm reclamado bastante. Desde que entrou em vigor, a gente não conseguiu fechar nenhum carreto”, disse a gerente comercial.

“Hoje (ontem), cotei três carretas para Salvador e ninguém fechou, foram atrás da concorrênc­ia, que talvez não esteja usando a nova tabela”. Ela conta que o transporte em uma carreta com capacidade de 25 toneladas, que antes saía num valor de R$ 30 mil a R$ 33 mil, hoje sai por R$ 47 mil, um aumento de mais de 51%. O prazo para o governo pagar a Petrobras e demais fornecedor­es de combustíve­is pelo subsídio que será concedido ao diesel será de até nove dias úteis, segundo decreto publicado no Diário Oficial da União. O pagamento será feito pela União, por meio da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis (ANP), após o fechamento da conta gráfica dos produtores e importador­es, que será feito mensalment­e, segundo informaçõe­s do Ministério da Fazenda na semana passada.

O decreto regulament­a a Medida Provisória 838, por meio da qual a União vai conceder um desconto de R$ 0,30 para o combustíve­l. O valor da subvenção será corrigido pela Selic. Farão jus ao pagamento produtores e importador­es que comprovare­m a venda de diesel a um preço igual ou inferior ao preço médio de referência. Esses preços foram definidos em bases regionais e vão vigorar de 8 de junho a 31 de julho, fixados na base de 21 de maio. Os produtores e importador­es deverão solicitar adesão ao programa de subvenção para a ANP até 13 de junho, com efeitos a partir de 8 de junho.

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