Última chance antes do prêmio
O Prêmio Braskem de Teatro está chegando, mas não conseguiu acompanhar os espetáculos que estão concorrendo à maior premiação cênica da Bahia? Pois a última chance de ficar atualizado acontece neste fim de semana, durante a Mostra Braskem de Teatro, que encerra sua programação com peças dedicadas ao público infantojuvenil. Ou seja, mais uma oportunidade de fortalecer a relação dos pequenos com o teatro, por meio dos principais destaques de 2017.
Entre eles, estão duas peças que concorrem na categoria Melhor Espetáculo Infantojuvenil: Com o Rei na Barriga e Bonito. A primeira, do Grupo Teca de Teatro, está em cartaz no Teatro Molière e apresenta uma história atual sobre o culto ao dinheiro e à imagem. Adaptação do texto escrito em 1670, pelo dramaturgo francês Molière (16221673), Com o Rei na Barriga conta a história de um garoto que tem dificuldade de se relacionar e, por isso, “compra” amigos.
Concorrendo também na categoria Revelação pelo trabalho de cabelo e maquiagem de Leonardo Teles, Com o Rei na Barriga usa o humor para abordar temas delicados, como a permissividade dos pais e o consumismo. “O texto original fala de um adulto que quer ser nobre e respeitado porque tem muito dinheiro. Quando a gente transpôs para o dia de hoje, a gente percebeu a atualidade dessa sociedade muito pautada na aparência, principalmente nas redes sociais. Esse texto dá muito pano pra manga”, destaca a atriz Luciana Comin, 40 anos, responsável pela adaptação do texto ao lado de Lando Augusto.
No lugar de uma nobre que dita a moda, a peça traz uma
Onde Teatro Molière (Av. Sete de Setembro, 401, Barra)
Ingresso
R$ 20 | R$ 10. Vendas: no local
Onde Teatro Vila Velha (s/n, Campo Grande)
Ingresso
R$ 20 | R$ 10. Vendas: www.ingressorapido.com.br blogueira mirim e influenciadora digital. “As crianças não só seguem as youtubers, como querem ser as youtubers, o que é uma loucura”, diz Luciana, impressionada. O teatro, reforça a atriz, é uma forma “de ver a situação e se identificar com aquilo”. “As crianças nasceram no mundo digital e não podemos proibi-las, porque é algo que também pode ser muito bom. O que a gente precisa é ter
No mesmo clima, a peça Bonito leva para o palco a desconstrução do padrão de beleza. O que é bonito para você? Foi a partir desse questionamento que surgiu o espetáculo dirigido por Paula Lice e cuja proposta é misturar dança, teatro e literatura para enfrentar a imagem dita grotesca e assustadora dos “monstros” da infância.
A proposta não é contar uma história única e linear, mas fazer dialogar as experiências dos seis atores e educadores que compõem o elenco. Olga Lamas, por exemplo, apresenta o que seria uma menina grande, “adultinha”, enquanto Lia Lordelo mostra a racionalidade na infância e William Gomes entra no universo do ‘nonsense’.
Edu O., por outro lado, compartilha a experiência de ser cadeirante, afinal já encontrou resistência em cena “como se não fosse adequado para crianças”, denuncia a diretora Paula Lice, 37. “Uma vez, teve uma coordenadora que retirou um grupo de alunos da peça Judite quer Chorar, mas não Consegue, porque não achou ‘adequado’. A reação das crianças é infinitamente melhor do que a dos adultos”, comenta.
A partir de corpos diferentes - “tem alto, baixo, negro, branco” -, Paula destaca que a ideia de Bonito é transformar os monstros da infância em potências. “É importante não admitir essa ideia de defeito. Existem potências, desafios. Há a necessidade de ampliar o espectro do que é possível para a criança”, completa Paula, sobre a peça idealizada por Edu O. e Lucas Valentim, ambos professores da Escola de Dança da Ufba.
Na expectativa do Prêmio Braskem de Teatro, a diretora destaca que a Mostra é uma oportunidade não só de rever as peças antes da premiação que acontece dia 13, no Teatro Castro Alves, mas também de aproximar as crianças do teatro. “Meu público preferido. É onde começa a formar leitor, espectador, apreciador de arte no geral”, defende.
O contato com o teatro, continua, “amplia repertório, linguagem” e “quanto mais puder oferecer, melhor”. “Bem ou mal, literatura é oferecida na escola, a familiaridade acontece. Agora , a quantidade de gente que viu a primeira peça já adulto não é brincadeira”, revela. Por isso, reforça o convite para que pais levem seus filhos a um espetáculo. “Teatro demanda presença, né? É o melhor e o pior do teatro. Fazer a pessoa sair de casa tá puxado”, finaliza, rindo.