Correio da Bahia

Pegou muito mal

- Thais Borges e *Milena Teixeira

O vídeo de um segurança tentando impedir um menino de comer o almoço comprado por um cliente do Shopping da Bahia (antigo Iguatemi, em Salvador) ganhou repercussã­o nas redes sociais. Parte da situação foi gravada por uma pessoa que estava no local. O vídeo mostra a revolta de vários clientes quanto à abordagem do profission­al. A ocorrência registrada anteontem à tarde viralizou na internet ontem e a indignação chegou até os órgãos de defesa dos direitos do consumidor e da criança, entre eles Ordem dos Advogados do Brasil, Ministério Público da Bahia (MP-BA) e Defensoria Pública do Estado.

Quando chegou para almoçar no shopping, o empresário Kaique Sofredine não imaginava que iria se tonar um dos personagen­s da cena que re- voltou muita gente. “Estou querendo dar o almoço ao menino aqui e o segurança está me rejeitando, falando que vai me tirar do shopping à força, que vai tirar o menino”, diz Kaique no vídeo que ele mesmo registrou e postou em seu Facebook. Ao longo de pouco mais de cinco minutos de gravação, é possível ver parte da discussão entre o empresário e o segurança.

Kaique segue dizendo que a criança – um garoto magrinho,

e outras pessoas gravam tudo o que aconteceu na praça de alimentaçã­o no shopping na segunda-feira à tarde vestindo uma camisa de time de futebol e chinelos – vai, sim, comer. Diz que ele pagaria e se dirige a um dos restaurant­es da praça de alimentaçã­o do shopping.

O segurança, nesse momento, também carrega um celular. Indignado, Kaique se dirige a ele mais uma vez. “Queria ver se fosse seu filho que tivesse na rua passando fome. Eu queria ver. Ele vai comer”, afirma, em resposta à negativa do segurança.

Ainda no vídeo, Kaique diz para o segurança chamar o supervisor. Enquanto os funcionári­os do restaurant­e atendem Kaique e a criança – que estava acompanhad­a, ainda, de outro adolescent­e –, o segurança repete que o menino não poderia comer ali e tenta impedir a pessoa do restaurant­e de entregar o prato de comida, empurrando o garoto para longe. Kaique intervém e os três saem andando. No vídeo, é possível escutar uma mulher revoltada.. “Não faça isso, não. Isso é palhaçada”, diz.

“Eu trabalho aqui e ele não vai comer. Ele não vai comer. Meu trabalho é esse”, afirma o funcionári­o do shopping, enquanto continua tentando impedir a aproximaçã­o do menino e de Kaique ao restaurant­e. Outros dois seguranças chegam e cercam os dois. Em seguida, um homem que parece ser o supervisor dos profission­ais de segurança surge e diz que o menino não poderia vender nada ali – a criança segurava uma sacola amarela.

“Certo, não pode (vender), mas agredir a criança também não pode, não”, intervém uma mulher que assiste à cena. Enquanto conversa com o supervisor, Kaique reforça que vai pagar pelo almoço da criança e faz críticas à postura do segurança. “Ele me pegou pelo braço, pegou o menino pelo braço”, diz o cliente. O segurança argumenta que teria sido agredido, mas algumas testemunha­s questionam. “Ele nem te tocou. Está tudo filmado”, diz a mulher

Kaique insiste que o menino comeria com ele, na mesma mesa em que estava. Depois que o supervisor se dirige à criança, os seguranças se afastam e, finalmente, o menino pôde sentar e comer.

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