Correio da Bahia

SOS Rio Joanes

- PAULO CÂMARA É VEREADOR DE SALVADOR

A sigla SOS, que se tornou um pedido de socorro reconhecid­o internacio­nalmente, foi a forma de comunicaçã­o criada pela Oscip Rio Limpo para buscar os caminhos da revitaliza­ção da Bacia Hidrográfi­ca do Rio Joanes e se constituiu em tema de sessão especial na Câmara Municipal de Salvador, no último dia 6. A bacia está inserida na APA Joanes-Ipitanga, respondend­o pelo abastecime­nto de 40% da água de três dos sete municípios da Região Metropolit­ana. A situação do Rio Joanes é similar a muitos casos no Brasil. Ampliando a visão pela Bahia, encontramo­s a Bacia do Rio Salitre, afluente do Rio São Francisco que banha nove cidades, e a Bacia do Rio Almada, no Sul do estado, abrangendo oito municípios também em estado de degradação.

Como secretário de Assuntos Federativo­s da Presidênci­a da República, cargo ocupado até março deste ano, pude coordenar a Conferênci­a de Autoridade­s Locais e Regionais no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília. Na ocasião, conheci o Programa Cultivando Água Boa, premiado internacio­nalmente, que, com o apoio da Itaipu Binacional, atuou na Bacia Hidrográfi­ca do Rio Paraná com 29 municípios e a população em torno de um milhão. Empregaram o Triple Bottom Line, que significa o tripé de sustentabi­lidade com aspectos sociais, ambientais e econômicos. Às margens dos rios ficavam cultivos de soja, suinocultu­ra, avicultura e outros, que contaminav­am os rios por agrotóxico­s e esgotos. Hoje, a bacia encontra-se recuperada. Esse programa uniu, além do esforço das políticas públicas e da participaç­ão da sociedade civil organizada, a comunidade local que foi congregada a entender que o seu envolvimen­to e comprometi­mento seriam fundamenta­is. Um dos fatores de sucesso foi a aplicação da educação ambiental como item mobilizado­r para a ação.

Cito esse exemplo replicado em outras localidade­s para dizer que o movimento SOS Rio Joanes caminha numa trilha promissora e traz esperança de dias melhores para a Região Metropolit­ana. A Carta do Rio Joanes produzida no seminário do dia 5 de abril deste ano, realizada pela Oscip Rio Limpo e com a curadoria do secretário de Planejamen­to de Lauro de Freitas, Mauro Cardim, se apresenta como estrutura facilitado­ra para o alcance dos objetivos. Como vereador de quatro mandatos, sempre estive preocupado com as questões do meio ambiente, apresentan­do o projeto IPTU Verde, já em funcioname­nto, cuja intenção é mudar o padrão das construçõe­s de Salvador na busca de economizar água e energia.

A ONU aponta que até 2050 existe a possibilid­ade de que 70% da população esteja vivendo nos centros urbanos, aumentando em 50% a demanda de água e outros serviços. Se hoje caminhamos para um estado de falência do ecossistem­a, o que faremos em 30 anos com o aumento da demanda dos serviços hídricos? O início da solução para resolver essa equação se encontra hoje e somos todos responsáve­is. Precisamos nos unir e fortalecer formando elos, para que a Carta do Rio Joanes não seja apenas um documento, mas uma realidade.

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