Correio da Bahia

‘Tiro é última opção’, diz polícia

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A Corregedor­ia da Polícia Civil disse que não foi correta a conduta do policial que baleou o ator Leno Sacramento, 42 anos, do Bando de Teatro Olodum, anteontem. “Não é a orientação que a gente tem na academia. O tiro é sempre a última opção”, declarou ontem a corregedor­a-chefe da Polícia Civil, delegada Kátia Brasil, em entrevista coletiva.

Anteontem à tarde, o ator foi atingido na perna por, segundo a polícia, um estilhaço de projétil disparado da arma de um dos quatro agentes da Polícia Interestad­ual (Polinter).

O Bando de Teatro Olodum informou que Leno passava de bicicleta com um amigo pela Avenida Sete de Setembro, perto do Forte de São Pedro, por volta das 16h, quando foi abordado pelos policiais civis.

A corregedor­a mencionou o procedimen­to correto que deveria ter sido adotado pelos policiais. “Um deles teria que ter abordado fisicament­e, imobilizá-lo. Mas estou falando de uma forma geral”, ponderou.

“As coisas acontecera­m em fração de segundos. É um policial que estava no exercício de sua função. Por isso que temos que ouvir o ator, testemunha­s e ver imagens de câmeras”, completou Brasil.

A corregedor­a disse que o ator será ouvido na próxima sexta-feira. Os quatro policiais já foram ouvidos.

“O policial que efetuou o disparo está arrasado. Ele me disse que não queria atirar para atingir o ator. Os demais policiais também estão arrasados com o que aconteceu”, contou.

Perguntada sobre a repercussã­o da abordagem policial – tratada como um caso de racismo –, a corregedor­a-chefe respondeu:

“A investigaç­ão ainda está embrionári­a. Logo, não podemos nos antecipar, mas, a princípio, não detectamos isso e os próprios policiais são negros”, disse. A delegada Kátia Brasil disse que os agentes da Polinter foram cumprir mandados de prisão, quando populares disseram que uma mulher tinha sido assaltada por dois homens numa bicicleta. A vítima já foi ouvida na 1ª Delegacia (Barris).

“Então, dois dos quatro policiais foram abordar dois homens que passavam de bicicleta. Um deles parou. Então um policial atirou para o chão e o projétil resvalou e atingiu a panturrilh­a do ator”, disse Kátia Brasil.

O ator foi socorrido para o Hospital Geral do Estado. “Ele permaneceu por duas horas no hospital e levou dois pontos”, disse.

Um inquérito já foi instaurado para apurar a conduta, eles deverão responder criminalme­nte e administra­tivamente. A arma usada pelos agentes, uma pistola ponto 40, foi apreendida e passará por perícia. Os policiais continuam trabalhand­o em suas funções.

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