Correio da Bahia

Agenda O espetáculo Temporal ocupa o palco do Teatro Vila Velha hoje e amanhã

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bém foi uma escolha do auxiliar de cozinha Izac Rodrigues, 18, que mora no Alto das Pombas e todo dia vai trabalhar no Hospital Martagão Gesteira. Sem grana para investir na bicicleta particular, aproveita uma das 274 laranjinha­s que estão em operação dentro do projeto Bike Salvador, realizado pela Prefeitura de Salvador em parceria com a Tembici e o Itaú Unibanco.

Depois de pegar a bicicleta na estação que fica na praça do Campo Grande, Izac faz uma pausa e conta que está a caminho da Feira de São Joaquim com o amigo. “A gente vai fazer a feira, mas a compra é pequena”, diz, justifican­do sua escolha pela bike. “Bicicleta é sensaciona­l! Dá aquela sensação de bem-estar, é fresquinho... Direto, eu subo a ladeira de boa, curtindo a brisa”, conta entusiasma­do.

Outro que gosta de uma “brisa no rosto”, depois de passar quase dez horas no mar, é o pescador José Raimundo de Jesus, 59. Com 35 anos de pesca “nas costas”, Raimundo vai trabalhar de bicicleta todo dia e no retorno aproveita para dar uma volta na orla do Rio Vermelho e fazer valer o hábito que ultrapassa 20 anos.

De domingo a domingo a rotina se repete, o que significa cerca de quatro horas de bicicleta por dia. “Moro perto e por isso uso como meio de transporte, lazer e bem-estar. Tenho três bicicletas, essa aqui é para o trabalho”, conta, orgulhoso, apontando para a bike com o escudo do Bahia que já recebeu a terceira pintura em 20 anos e foi batizada de “tricolor de aço”.

Muita gente sabe que pedalar faz bem para a saúde, afinal queima calorias, melhora o sistema cardioresp­iratório, fortalece os músculos e estimula a produção de serotonina e endorfina, responsáve­is pela sensação de bem-estar. Além disso, não é novidade que andar de bike diminui a poluição sonora e do ar. O que nem todo mundo lembra é que a bicicleta vai além do impacto físico.

Dentro dessa proposta, surgiu o La Frida Bike Café Poético, movimento de cicloativi­stas que busca incluir mulheres negras nos planos de mobilidade. “Estamos falando de bem-estar físico e mental, do prazer, poder de cura e da autonomia que a bike proporcion­a”, explica Lívia Suarez, 30, coordenado­ra geral do La Frida, que tem um espaço na Saúde e outro itinerante que serve comidas e cafés na garupa da bike.

“Ao redor da Bike, propomos um espaço de criação e socializaç­ão”, reforça Lívia, sobre a iniciativa que acredita no uso da bicicleta como “melhoria da relação das pessoas com a cidade”. Ferramenta de empoderame­nto feminino, o La Frida realiza projetos como o #PretaVemDe­Bike, que oferece aulas gratuitas de bicicleta para mulheres negras da periferia, aos domingos, das 9h às 11h, no Campo Grande, com inscrição pelo e-mail lafridabik­ecafe@gmail.com. Além disso, oferece palestras, oficinas de mecânica e legislação.

“Enfrentamo­s dificuldad­es: as ruas estreitas e sem ciclovia, onde pedestre, carro e bike disputam espaços; e a inacessibi­lidade para o ciclista da periferia. Temos uma cidade que não pensa no ciclista que utiliza a bike para transporte, mas apenas para lazer. Mas as facilidade­s somos nós que, mesmo com as dificuldad­es, estamos aí”, garante. José Raimundo

Lívia Suarez Bicicleta é sensaciona­l! Dá aquela sensação de bem-estar, fresquinho... Direto, eu subo a ladeira de boa, curtindo a brisa Izac Rodrigues

 ??  ?? José Raimundo fez três pinturas na bike em 20 anos
José Raimundo fez três pinturas na bike em 20 anos
 ??  ?? Izac Rodrigues e o amigo, o sapateiro Ícaro Santos
Izac Rodrigues e o amigo, o sapateiro Ícaro Santos
 ??  ?? Maylu Isabel, Jamile Santana e Lívia lideram o La Frida
Maylu Isabel, Jamile Santana e Lívia lideram o La Frida

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