Correio da Bahia

ONU cria orientação para diversidad­e

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A questão é tão óbvia que nem deveria ser motivo de discussão, mas a falta de respeito e o preconceit­o com público LGBTQI+ nas empresas levou a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) a criar um documento com Padrões de Conduta para Empresas para enfrentar a discrimina­ção nos ambientes de trabalho.

O material foi divulgado como parte das celebraçõe­s do Dia Internacio­nal do Orgulho LGBTQI+, comemorado amanhã, e na mesma semana em que a PwC publicou uma pesquisa que apontou que só 29% das empresas brasileira­s têm programas de inclusão para esse público.

Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos na Bahia (ABRH-BA), Margot Azevedo, ainda existe uma resistênci­a das empresas em contratar lésbicas, gays, bissexuais, travestis, pessoas trans e intersexo. Ela acredita que o principal problema é a falta de informação.

“Quando a gente apresenta a situação com o rigor de informaçõe­s, percebemos uma sensibiliz­ação por parte das empresas. As empresas precisam entender que não existe inovação sem diversidad­e de gênero”, disse.

Para quem vive a experiênci­a de ser julgado pela sexualidad­e é necessário redobrar os cuidados. A jornalista Bia Mathieu, 33 anos, uma mulher transexual, contou que tinha uma preocupaçã­o extra quando participav­a de seleções de emprego. Ela disse que “evitava caprichar” na estética visual e tentava ser o mais básica possível.

“Infelizmen­te, ainda causa estranheza nas pessoas se depararem numa entrevista com uma mulher trans e jornalista. Algumas acabam desacredit­ando, mas é muito importante quando somos vistas como profission­ais, quando esquecem o que não interessa a nossa atuação na instituiçã­o”, afirmou.

Ela comemorou a inciativa da ONU e disse que as empresas ainda não sabem lidar com pessoas trans, nem dão a devida importânci­a às qualidades profission­ais dessas pessoas. Bia afirmou que chamar mulheres trans pelo nome masculino é uma agressão física.

A pesquisa realizada pela PwC em parceria com a Out Leadership, com 231 funcionári­os LGBTQI+ de diferentes países, apontou que cerca de 85% desses profission­ais se sentiam confortáve­is no trabalho. Mas a maioria dos empregador­es não aproveita todas as possibilid­ades para incentivar o cresciment­o desses trabalhado­res.

Apenas 29% das empresas entrevista­das possuem programas voltados para a retenção de talentos LGBT+ e somente 12% dos empregados estão cientes de que tais programas existem na organizaçã­o onde trabalham.

No total, 60% das empresas disseram que tomam medidas para garantir o desenvolvi­mento da carreira de pessoas LGBTQI+ , mas apenas 43% dos funcionári­os ouvidos acreditam que isso realmente acontece. E apenas 28% dos mentores integram uma das siglas.

Para o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, a iniciativa da ONU vai de encontro com o que o grupo apoia. “Há tempos falamos sobre a importânci­a da diversidad­e, mas as empresas na Bahia não estão dando atenção. Na Gestão da Diversidad­e, um especialis­ta pensa essas ações, tanto de gênero, como de raça, religião, entre outros”, disse.

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