‘Nunca foi tão legal produzir para TV’
Multishow. E quais são os tops que os dois desejariam ver no palco? “Vale a Beyoncé?”, brinca Fernanda Souza. A apresentadora se diz eclética e costuma apostar nas playlists. “Escuto muito pagode! Sou muito pagodeira, desde criança. Escuto muito sertanejo, gosto muito dos ‘modão’. Na minha playlist tem Shakira, tem música gospel, tem jazz, que amo”.
Já o top que Luan Santana gostaria de levar ao programa era o Justin Bieber. “Ultimamente estou ouvindo muito o disco do Shawn Mendes, que gostei bastante. Também costumo ouvir aquele rock light dos anos 2000, Creed, Nickelback, aquele rock bem meloso, eu gosto. Eu costumo ouvir bastante playlist, deixar rolando. Ouço de tudo”, finaliza.
As gravações acontecem semanalmente, em São Paulo. O dia escolhido tem a ver com a agenda dos convidados, que costumam estar mais livres no início da semana. A seleção das atrações será feita a partir de rankings semanais, recortados a partir de três linhas: música ou artista; rádio ou internet; região ou gênero.
“É possível ter um ranking com as músicas mais ouvidas de rock nas rádios e outro com os artistas mais ouvidos na internet”, exemplifica Raoni Carneiro, diretor artístico do programa. Ele alerta que a ideia não é remontar o ranking sequencial do décimo ao primeiro lugar do recorte escolhido.
Podem ser três músicas mais ouvidas das rádios, dois artistas de rock mais ouvidos na internet, mais as duas músicas de pagode mais executadas, tanto nas rádios quanto nas plataformas digitais, e assim por diante. “É isso que vai dar a multiplicidade ao programa. Quem faz o SóTocaTop é o público”, arremata.
O público não irá interferir diretamente na escalação dos artistas, mas terá papel decisivo nesse quesito. Isso porque, como destaca Carvalho, o palco será um reflexo de tudo que as pessoas ouvem. “Se você quer seu artista lá, basta continuar fazendo o que você já faz. Escuta bastante ele, pedindo a música na rádio, interagindo nas redes sociais”, avisa.
Toda essa movimentação será contabilizada e analisada por uma equipe de pesquisa, que vem se dedicando há pelo menos seis meses às métricas de músicas e artistas mais executados, tanto nas rádios quanto nas diversas plataformas de streaming.
É essa equipe que também vai selecionar a Aposta da Semana. “A gente chama de aposta, mas não é uma decisão inspiracional. Temos uma equipe de pesquisa e análise que vem acompanhando isso o tempo todo. Quando o artista romper a barreira dos 30 em um Top 50, provavelmente ele será uma aposta para estar no programa”, explica Carneiro.
Caso do cantor Vitor Kley, de 23 anos, que com o seu pop praiano invadiu as listas das músicas mais tocadas, dominadas por sertanejos e funkeiros. Por isso, acabou sendo selecionado como a Aposta da Semana do programa piloto.
“Quando convidamos ele, a música Farol já estava performando muito bem. Hoje, o Vitor Kley já é uma realidade, é o segundo artista mais executado nas rádios. A nossa aposta tenta capturar aquele momento em que a música está sendo muito tocada, mas a gente ainda não sabe o nome, não associou o artista a ela”, explica.
A Aposta da Semana pode ser, além de um artista, uma música. Assim, artistas conhecidos poderão ganhar espaço no quadro. “Daremos essa chance justamente por acreditarmos que o artista poderá voltar ao programa como ‘ranqueado’”.
Quem vê o funcionamento do SóTocaTop e é de uma geração que consumiu a TV aberta brasileira entre os anos 70 e 90 lembra automaticamente do Globo de Ouro, programa semanal que funcionava de modo parecido à nova atração. A proposta também era a de levar ao telespectador os maiores sucessos musicais do momento. Só que, na época, só eram levadas em conta as músicas mais executadas nas rádios.
Apesar de rejeitar uma comparação entre os formatos, Carneiro acredita que o Globo de Ouro faz parte do histórico dos programas musicais televisivos. “É uma inspiração, mas são novos tempos, novos desafios, novas ferramentas e isso tudo não pode ficar preso a um formato”. Nome à frente de diversos projetos musicais da TV Globo, Raoni Carneiro já dirigiu na emissora projetos como o Show da Virada, Criança Esperança e Festeja. Além disso, tem em seu currículo as gravações de DVDs de Paula Fernandes, Gustavo Lima e Anitta, Sandy, Diogo Nogueira, dentre outros.
Destacando as muitas mudanças pelas quais o consumo musical e audiovisual passaram, especialmente nos últimos cinco anos - com o crescimento do uso de smartphones e o acesso à internet de melhor qualidade -, ele ressalta que “não é possível ignorar a internet, mesmo sabendo que o que a gente faz é um programa de TV”.
O conteúdo do programa vai para Globo Play, onde também estará a playlist na íntegra com todas as músicas executadas. No Gshow, serão publicados os rankings na íntegra, “para que o público possa acompanhar e também entender como os artistas estão performando”. “O engajamento dos fãs e dos próprios artistas nas redes sociais faz parte parte desse processo. O objetivo é que gere uma grande teia de consumo musical a partir do programa”, diz Carneiro.
Além disso, para ele, nunca foi tão legal e desafiador produzir conteúdo para TV como hoje em dia.
“A gente vive uma era onde há muitas mídias, janelas e jeitos de consumir conteúdo audiovisual. Coisas que há cinco anos não existia. Eu acho que a televisão aberta e a TV fechada ainda têm o seu lugar de comunicação. Pra mim, a TV hoje se redescobriu em um novo lugar. Acho que a gente está vivendo em uma época que nunca foi tão legal produzir conteúdo para TV, vide a quantidade de canais fechados e sob demanda que existem”, opina.