Correio da Bahia

Agricultor realiza sonho de voltar a terra dos pais

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por exemplo, recebeu nos últimos anos mais de 20 famílias de agricultor­es vindos do Paraná. A maioria dos produtores vende as frutas in natura, ou fornece a massa da fruta sem casca para fábricas de sucos da Bahia. As agroindúst­rias familiares, onde é feito o descasque ou a despolpa, funcionam dentro das próprias fazendas e geram milhares de postos de trabalho na época da colheita.

Os municípios que integram o polo ficam às margens da BR-101, principal via federal que interliga o Norte e o Sul do Brasil. A localizaçã­o privilegia­da permite o escoamento rápido da produção e a chegada dos alimentos, em curto prazo, nos principais polos consumidor­es do País.

As frutas são transporta­das em caminhões abastecido­s diretament­e nas propriedad­es ou nas cooperativ­as. A maior parte segue para Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, e outros estados, principalm­ente, Rio de Janeiro e São Paulo.

Além disso, o Baixo Sul baiano está localizado em uma área de Mata Atlântica, cheia de serras e morros que tornam difícil a missão de encontrar terrenos planos. Os vales formam uma paisagem marcada por terrenos íngremes e irregulare­s. Mas nada que sirva de empecilho para os agricultor­es. Eles adaptaram as plantações para terrenos enladeirad­os e, em qualquer ribanceira, por mais radical que seja o ângulo, é possível encontrar um pomar. Ademais a terra é fértil.

A chuva também é regular e tem permitido o plantio e a colheita ao longo de todo o ano. “Aqui não tem paradeiro e se produz no ano todo. O carro-chefe continua sendo o cacau, mas tem sempre alguém produzindo alguma coisa. Se não é a banana, é o abacaxi. Se não está colhendo maracujá, está retirando cupuaçu do campo. O agronegóci­o da região está sempre em movimento, e isso deixa o comércio das cidades dinâmico também”, destaca presidente do Comitê de Fruticultu­ra do Baixo Sul, Renato Dias.

O clima da região, que provoca umidade, é considerad­o ideal também para a produção de especiaria­s.

Não por acaso, as plantações de pimenta do reino e cravo da índia também são tradiciona­is e numerosas nesta parte do Estado. Uma frase completa para batizar um lugar especial. O nome é peculiar: “Providênci­a Divina, Meu Sonho”. Foi assim que Clodoaldo Oliveira Silva, de 47 anos, decidiu chamar a Fazenda que comprou há 3 anos. As quatro palavras revelam um pouco da saga vivida pelo agricultor para adquirir a propriedad­e no povoado de Itamarati, entre os municípios de Gandu e Ibirapitan­ga.

Nascido em uma família de 8 filhos, Clodoaldo viu o sonho de ser agricultor quase ir embora quando os avós e os país, antigos produtores na região, perderam quase tudo que tinham. As plantações de cacau foram atingidas pela vassoura-de-bruxa nos anos de 1990.

Sem terras suficiente­s para plantar, os irmãos de Clodoaldo foram para outros estados. Mas o agricultor nunca desistiu de produzir no Baixo Sul. “Eu nunca saí, porque eu sempre acreditei que eu ia dar certo”. Para tornar o sonho realidade, ele começou a trabalhar na terra de outras pessoas, através do sistema de arrendamen­to. Nem todas as plantações foram bem-sucedidas, e Clodoaldo chegou a perder 300 mil pés de abacaxi atingidos por pragas. Mas ele se qualificou e passou a aumentar a produção por hectare. Passou a cultivar banana da terra e graviola e montou um viveiro de mudas certificad­as de cacau.

E em 2015 conseguiu comprar a fazenda própria de 41 hectares. “Nunca perdi a fé e a esperança. Todos os resultados bons que eu tinha eu juntava dinheiro para comprar a minha terra”. Atualmente Clodoaldo emprega 26 pessoas e produz 2.300 toneladas de banana da terra por ano. Uma produtivid­ade média de 55 toneladas por hectare. Também vende 900 mil mudas de cacau clonadas e certificad­as por ano.

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Clodoaldo batizou sua fazenda de Providênci­a Divina, Meu Sonho

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