Correio da Bahia

Projeto baiano recebe apoio de ativista

- JÚLIA VIGNÉ

Ana Paula Ferreira de Lima não é índia. Nem baiana.

Mas nada disso é empecilho para que a mineira de 40 anos, professora de História, lute pelo direito à educação das meninas indígenas da Bahia. O ativismo de Ana Paula começou em 2005, quando ainda estava na faculdade, no Centro de Documentaç­ão Eloy Ferreira da Silva (Cedefes). Lá, ela trabalhava levando informaçõe­s sobre a população indígena para escolas.

Hoje gestora de projetos da Associação Nacional de Ação Indigenist­a (Anaí) onde trabalha há quatro anos - ela é uma das três brasileira­s escolhidas pela paquistane­sa Malala para integrar uma rede internacio­nal de incentivo a projetos para educação de meninas: a Rede Gulmakai, iniciativa do Fundo Malala.

A Anaí foi selecionad­a dentre diversas instituiçõ­es do Nordeste. Ana Paula conta que a entidade foi indicada quando Malala demonstrou interesse em apoiar projetos do Brasil: “Veio um representa­nte do Rio de Janeiro, que contou que ela queria iniciar o trabalho pelo Nordeste. Eles visitaram diversas instituiçõ­es, mas a Anaí foi a escolhida na Bahia. Eu acho que eles nos escolheram porque, desde a primeira reunião, a gente já foi com os povos indígenas. Deixamos bem claro que não fazemos nada sem eles”.

A mineira não conhecia Malala e não tem previsão sobre encontrá-la novamente. Ela explica que a agenda da paquistane­sa é muito sigilosa e, por isso, não sabe se terá a oportunida­de de vê-la de novo. O encontro das duas foi realizado na sede da Anaí, em que ela teve a oportunida­de de entrar em contato com índias brasileira­s, que além de conversar com Malala fizeram um ritual para ela.

“Eu fui convidada para ser uma ‘champion’ e vou receber um treinament­o de três anos aqui no Brasil e em outros lugares. Vou desenvolve­r habilidade­s e isso vai ajudar na promoção da educação indígena”, explicou.

A Anaí pretende alcançar toda a Bahia com um projeto incentivad­o pelo Fundo Malala. Serão três etapas: de diagnóstic­o, formação e campanha. “Toda pauta de movimento indígena, a gente quer que elas (meninas) participem. Isso porque a Malala acredita que a gente deva construir junto. Pressionar o governo para fazer”, detalhou.

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