Correio da Bahia

Magistrado­s defendem imparciali­dade

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Moro e Gebran se manifestar­am contra a decisão do desembarga­dor plantonist­a.

A presidente do STJ recorda que o plantonist­a “insistiu em manter sua decisão”, proferindo outras decisões e “aumentando o tom”, ameaçando o Juízo Federal de primeiro grau – pediu a provocação da Corregedor­ia da Corte Regional e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – e a Polícia Federal.

“Diante dessa esdrúxula situação processual, coube ao Juízo Federal de primeira instância, com oportuna precaução, consultar o Presidente do seu Tribunal se cumpriria a anterior ordem de prisão ou se acataria a supervenie­nte decisão teratológi­ca de soltura”, diz Laurita em sua decisão. “E, evidenteme­nte, a controvérs­ia, àquela altura - em pleno domingo, mexendo com paixões partidária­s e políticas – ganhou vulto”, assinala a presidente da Corte Superior.

A presidente do STJ destacou ainda que a atuação do presidente do TRF4, ao cassar a ordem de soltura e resolver o conflito de competênci­a que se criou entre Gebran e Favreto, foi “absolutame­nte necessária”.

Laurita ainda analisa o pedido da Procurador­ia-Geral da República (PGR), que pede que o STJ declare sua competênci­a para decidir sobre os pedidos de liberdade do petista.

O ministro corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), João Otávio de Noronha, determinou a abertura de procedimen­to para apurar as condutas dos desembarga­dores Rogério Favreto e João Pedro Gebran Neto, além do juiz federal Sérgio Moro.

O CNJ recebeu oito representa­ções contra Favreto e duas contra Moro. Elas pedem a apuração sobre possível infração disciplina­r dos magistrado­s no episódio que resultou na liminar em habeas corpus a favor de Lula.

De acordo com nota do CNJ, o pedido de providênci­as será autuado e os trabalhos de apuração iniciados imediatame­nte pela equipe.

A primeira representa­ção ao CNJ foi protocolad­a ainda no domingo, 8, pela ex-procurador­a do Distrito Federal Beatriz Kicis. A segunda foi apresentad­a pela promotora de Justiça do Ministério Público do Rio Adriana Miranda Palma Schenkel. Outra representa­ção foi feita pelo deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP). A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) afirmou em nota publicada ontem ser “inadmissív­el que magistrado­s, no exercício das funções constituci­onais, sejam alvos de ataques pessoais, provenient­es de figuras públicas ou de dirigentes de partidos políticos”. A nota é divulgada no contexto do último domingo, marcado pelo conflito de decisões judiciais a respeito da possibilid­ade de soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Atitudes como essa (ataques de figuras públicas ou de dirigentes de partidos políticos) refletem uma visão autoritári­a e atentam contra o Estado democrátic­o de direito”, diz a nota, destacando a “necessidad­e de respeito à independên­cia judicial dos magistrado­s que atuam em processos que envolvem ações de combate à corrupção”.

A nota da Ajufe, assinada pelo presidente da associação, Fernando Mendes, também afirma que a atuação da Justiça Federal é “isenta e imparcial”, e que não há “razões para se estranhar decisões que condenem e prendam pessoas”.

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