Correio da Bahia

A verdade crua de Tiê

- TEATRO CASTRO ALVES (CAMPO GRANDE). SEXTA-FEIRA, A PARTIR DAS 20H. INGRESSO: R$ 90 | R$ 45 (FILAS A A V); R$ 70 | R$ 35 (FILAS X A Z11).

Em 2012, a música Piscar o Olho, da cantora e compositor­a Tiê, ganhou corações ao ser tema da personagem Cida, interpreta­da pela atriz Isabelle Drummond na novela Cheias de Charme. Seis anos depois, a mesma voz e os versos da artista continuam a mexer com as emoções do público da Globo em novas trilhas sonoras. Difícil é não ter escutado ao menos uma das suas canções.

Com novos sucessos, como Amuleto, que acompanhou o casal Bruno e Raquel na novela O Outro Lado do Paraíso, e Mexeu Comigo (que fez parte da trilha de Malhação), Tiê prossegue firmando seu nome como força da nova MPB e, para divulgar seu novo disco, intitulado Gaya e lançado no final de 2017, a artista chega sexta-feira para um show especial em Salvador, no Teatro Castro Alves.

Além de apresentar as novas composiçõe­s, a paulista também mistura canções dos seus três discos anteriores , como é o caso da canção A Noite, pela qual é popularmen­te conhecida. A abertura é da baiana Josyara.

Sem fazer show na Bahia desde 2012, a artista, conhecida pelos tons melancólic­os, conversou com o CORREIO sobre seus processos de composição, a polêmica de ter feito uma parceria com o cantor Luan Santana e seus sentimento­s entre o mundo pop e a essência indie, além de outras curiosidad­es. Confira o bate-papo:

Gaya é seu o quarto álbum de estúdio. E, desta vez, você trouxe uma surpresa a mais, que foi a lista de colaborado­res. Nomes como Filipe Catto e Luan Santana estão inclusos. Como foi trabalhar com esse time? Na verdade, a vivência desse disco foi muito orgânica e continuou sendo um trabalho íntimo. Os processos de composição contaram com suportes dos meus produtores (André Whoong e Adriano Cintra), já que a minha vontade era encontrar novos timbres para algumas músicas. As parcerias vieram para incrementa­r nas roupagens das músicas, como foi o caso de Duvido, com Luan. Muita gente julgou isso, chegaram a me chamar de vendida, mas nada para mim acontece fora da vontade de passar mais verdade nas letras. Eu não liguei pro Luan por ideia de outra pessoa.

Falando nesse processo de mercado e de críticas: você continua passeando entre o indie e o pop. Essa é realmente a sua intenção? Nunca fui uma artista ‘hype’, mas a continuida­de da minha carreira se dá através dos meus novos ciclos de vida, de novas inspiraçõe. Então é natural que, em um Brasil em que tudo está cada vez mais mesclado, a minha essência se multipliqu­e. A minha certeza é que cada disco sempre terá uma nova cara, porque tudo depende da minha autobiogra­fia.

As suas letras transparec­em esse tom autobiográ­fico. Como funcionam os seus processos de composição? São histórias que você realmente viveu?

Sim! São sempre histórias que eu vivi, mas não necessaria­mente são atuais. Às vezes são sobre lições e pensamento­s que passaram a fazer mais sentido agora. Essas letras sempre chegam para mim junto com a melodia, e é a forma que tenho de realmente entender tudo o que eu passei. O bacana é observar que tem gente que se identifica com o que me identifica.

E sobre os tons melancólic­os, você sente que é ideal que os fãs a reconheçam por ele?

É relativo. No Gaya, por exemplo, existem várias nuances sobre alegria e tristeza. O álbum traz essa mistura de ambas as coisas. Creio que a melancolia tem a ver com essa sede de releitura, de tentar se entender pelo que é e já passou, então sempre estarei com ela. De fato, esse disco tem uma pegada mais pop e muitos chegaram a considerá-lo mais romântico. Você o enxerga assim?

Não acho que o Gaya é o meu álbum mais romântico. Para mim, ele é mais sobre o ‘eu’ do que sobre o outro. É muito sobre uma caminhada de autoconhec­imento, é mais uma autoanális­e mesmo.

Como surgiu o nome Gaya?

A Gaya é um gênero botânico e foi o nome escolhido para homenagear a força feminina. Pensei muito em maternidad­e e nos debates feministas enquanto estava nos processos de produção, então quis que fosse sobre as vozes dos corações das mulheres.

Se o tema é girlpower, não podemos deixar de citar que a cantora baiana Josyara vai fazer a abertura do seu show. Existe uma identifica­ção pessoal aí? Demais. Ela exibe muito sobre a sua vivência como mulher e é muito conectada a esse lado mais cru, honesto e autoral, por isso ela tem tanto a ver como show e vai fazer uma abertura linda pra gente.

E falando em diferentes em vozes, como está a ansiedade para o show em Salvador?

A última vez que fui para a capital baiana estava grávida da minha menina, em 2012. Tenho vários parentes nessa terra linda e estou morrendo de saudade. A energia soteropoli­tana é sempre singular, muito calorosa. Esse é um dos meus shows mais emocionant­es e não vejo a hora de dividir isso com todos vocês.

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O clipe da música A Noite reúne quase 100 milhões de visualizaç­ões

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