Sobrou para a indústria
Além de afetar a distribuição de gasolina, alimentos e praticamente paralisar o país de norte a sul, a greve dos caminhoneiros também derrubou a produção da indústria baiana, que sofreu uma redução de 15% em maio na comparação com o mês anterior. Esse foi o terceiro maior recuo do setor no país, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O forte impacto da greve dos caminhoneiros no setor produtivo do estado tem uma explicação: a Bahia ainda é fortemente dependente do transporte rodoviário tanto para receber matérias-primas que alimentam suas indústrias quanto para escoar os produtos finais para os estados do centro-sul do país.
A paralisação dos caminhoneiros, entretanto, afetou o desempenho da indústria de norte a sul do país. O levantamento mostrou que, em maio, a produção caiu em 14 das 15 áreas pesquisadas. O resultado da Bahia só não foi pior que o de Minas Gerais, que reduziu sua produção em 24,1%, e do Paraná, com uma queda de 18,4%. Santa Catarina também teve recuo de 15% em maio.
O resultado da indústria baiana em maio também é o terceiro pior desde a primeira PIM do IBGE, realizada em 2002. Ficou acima apenas das retrações apuradas em novembro de 2003 (-18,3%) e abril de 2009 (-17,1%).
Comparando o resultado de maio deste ano com o mesmo período em 2017, a indústria baiana também teve uma grande queda, de 13,7%, a maior desde janeiro de 2017. No acumulado de janeiro a maio deste ano, a produção baiana sofreu uma redução de 1,3%, ao contrário da média nacional, que se manteve positiva em 2%.
Conforme o IBGE, o resultado da Bahia foi puxado, principalmente, pela queda de 33,7% na produção de veículos automotores, reboques e carroceria. O analista da coordenação de indústria do IBGE Bernardo Almeida diz que, além desse segmento, o de celulose, papel e produtos de papel e o setor alimentício - principalmente puxados pela redução de farinha de trigo, cacau, chocolate em pó e açúcar cristal - foram os que mais sofreram com a greve. Além da greve dos caminhoneiros, o IBGE também atribuiu o número ao efeito-calendário, já que maio deste ano teve um dia útil a menos do que o do ano passado.